22.12.09

I (do) Come Undone



It's a love song,
a love song
we sing love songs,
so sincere

12.12.09

O Rumo

Nunca vos ocorre escrever sem rumo?
Como se soubessem que as palavras têm asas,
que dadas à hora certa pela pessoa indicada, se prendem de vida e cortam delas mesmas os cordéis que as prendem à mediocridade que tendemos a ser no dia-a-dia e nas acções que por vezes levamos julgando que importam, que têm eco
que não têm
o emprego para que se arrastam, a treta que fazem para comer, as mensagens que escrevem, os telefonemas que fazem, o enfim sem-número de míseras acções que compõem aquilo que em suma vem a ser a nossa existência
a vida
se por um lado há quem diga que a vida é madrasta e é uma bela m****,
perdão
merda, pois os asteriscos ficam mal em qualquer lado e não são palavra que faz parte do léxico
então porque motivo continuamos a teimar arrastar carcaça por estradas já percorridas?
por gente que um dia fez, outro dia já não e hoje não tem mínima importância
um papel na dita
em suma hoje escrevo acerca de liberdades e das que espero que guiem a vossa
só devemos estar presos àquilo que nos vitaliza e nos apaixona e sem dúvida,
nem prisão deve portanto ser
pois esta coisa de estar vivo e desta que vida tal é para ser relembrada todos os dias que nos pertence ou deverá sim
pertencer
a vida essa tem asas, deixem-na voar

30.11.09

Nota (mental)

Nota mental: Deixar o tinto Chileno. Aproveitar o Inverno a fazer tricot, adoptar um gato não whiskas mas Mister Whiskers. Meter no caixote do lixo a ideia de tricotar e optar por uma coisa bem menos feminina. Apoiar mais o Benfica portanto. Até as camadas jovens e o Saca nos campeonatos de Surf fluvial.
Deixar de falar às suecas, demasiado organizadas. Deixar de falar às Polacas, demasiado sedutoras. Deixar de falar às Portuguesas, demasiado isoladas num canto Europeu. Criar analogias com coisas bem mais masculinas. Cantos só são úteis no futebol e mesmo assim raramente. Comprar uma guitarra eléctrica para aqui e um livro de blues.
Rifar a televisão, noventa e nove em cem canais e de enxurrada.
Ouvir mais a nova colecção musical.
Dormir mais e mais cedo, deixar as insónias.
Definitivamente, deixar o tinto Chileno!

29.11.09

Nada (ou nado eu)

Juro que tinha algo para escrever,
a meio de uma tal de garrafa de Chileno que poisara na mesa da minha mais recente sala
segundos antes de ouvir cair a chuva no vidro do tecto que faz entrar luz nesta casa Londrina ou sub-londrina
as you will
diria eu que sem coisas deprimentes para escrever (desculpa querida, não fiquei simplesmente indiferente) estava em crer que sim
um dia escreveria toda a verdade com todos os nomes e todos os pontos nos i's
que admitiria não entender, não perceber
os refúgios em que se colocam certas pessoas que admito, gostava e não esqueci
tanto que gosto mesmo sem saber de ti
e no meio destas coisas tantas que aconteceram entre 365 dias ou mais que se revolveram entre uma tshirt e um casaco num dia gélido e as conversas de chacha que foram ditas e admito que nunca to disse mas sim,
porra que gostava mesmo de ti

e agora se por outrém enfatuada que te dê algo mais, melhor
eu feliz
não estou em crer que todas as pessoas sejam a pessoa certa para outra pessoa
longe de mim presumir com todas as limitações que a condição humana me impõe,
desde as vontades ao coração, da alma instável ao toque da minha mão
e não,
talvez nunca fosse nem tivesse sido mas entende,
na alma só existe uma côr e um sentido, uma vibração
ausente dessas parvoíces que se prendem com as whiskas saquetas que toda a mediocridade te fará convencida de que são o cerne que importa
la créme de la créme
mas não são,
quanto a mim desisti de levar os dias à espera de uma surpresa,
de um texto dirigido a mim, de uma carta, de um telefonema ou do quer que fosse que me prendesse a algo que talvez apenas miragem,
não desisti, apenas me desprendi, soltei por bem dizer não que estivesse acorrentado mas convenhamos
quanto tempo se deve enfim na vida perder em busca de algo que não nos diz afinal
nada?

4.11.09

De quê?

Vão as horas com o que quer as leve,
o rosto pesado devoto à gravidade e o sorriso que parece já ter adormecido do sobreuso a que se lhe deu sem que por aí além tenha sido bem empregue
lembras-te da última vez?
e somem-se os pássaros que ainda dormem nas árvores que avisto da minha janela,
que árvores se apenas prédios em tijoleira, as janelas sem vida e o Sol que segue o rasto do topo,
seguem-se momentos de total e inútil interrogação,
porque me dói se não a tenho
e a alma a relembrar-me que afinal nem sobre tudo o tempo passa,
se me perco em olhares cinzentos e fotografias que o Sol queimou então quem sou afinal,
quem és tu e nós,
que não vivemos nem de fotos nem imagens que surgem em Mundos opostos
quem é que afinal me diz que valeu a pena um só momento,
se não me souberem dizer afinal de que linhas é feito e só feito
um coração

26.10.09

Sorri

Em que cotovelos se apoia a alma?
A que cheiram os sonhos?
De que côr é o sorriso?
Viajar é levar a alma a ver coisas,
as que já conhece dizem mas que esqueceu, precisando portanto ser relembrada que a vida é esta experiência de acumular experiências
felizmente não tanto como se acumulam revistas e tralhas que encham uma qualquer divisão - ou divisões várias - de uma casa
antes como um círculo de sensações boas e más a que temos a tendência de chamar momentos inesquecíveis
problemático é na forma que somos criados e na condicionante humana julgarmos que viver é apenas ser feliz
ou melhor ainda, que ser feliz consiste em ter apenas momentos bons
sem julgar que viver, experienciar e a maravilha que é estar vivo consiste afinal em tudo isto, numa panóplia de sentimentos e sensações que vão da dôr e agonia aos sorrisos e paixões
e convenhamos que sim, faço-vos o jeito, ao Amor
existem aqueles de nós que aparentemente rodeados de dura e aparentemente imperfurável carapaça permanecem impavida e serenamente a sentir a vida em si, consigo, nas suas perspectivas
chega talvez uma altura sim em que a vida passa a ser sentida a dois,
num todo novo perspectivar de vivências que ainda que aparentemente as mesmas,
em muito pouco terão ponto comum

Em estilo diferente escrevo apenas esta ligeira dissertação que me tem inspirado ultimamente. Espero que faça o mesmo por vós, quem quer que sejam os olhos, sonhos e sorriso por detrás desses ecrãs.

16.10.09

Dias de Vento

Pareço já sentir o Outono,
ainda que a pele morena o desacredite com desdém
como se o Mundo fôra feito de Verões eternos, a vida uma constante busca de Sol e Mar e a pele, essa, sempre salgada pelos beijos céleres com que brindamos o corpo nessa incessante busca que é a nossa
por nos sentirmos vivos
confesso que toda esta gente e eu sem ter que lhes dizer,
seco de palavras, se não nos seus olhos tiver em que poisar o meu olhar e nelas, inclusive nas memórias, me rir um pouco encostado aos seus ombros
se não rir, porque não pelo menos brindar-me com sorrir?
nesta almofada marreca, torcida de tanto puxão que lhe dou e cuja companhia é a única que brinda a minha alma por noites a fio lamento não lamentar-me
como se isso de fraqueza se tratasse e porque o faria eu
afinal ver por detrás dos rostos, dos sonhos que se ligam uns aos outros e das palavras que são baralhos de cartas empilhadas em dias de vento,
mais uma vez não sou mais, melhor
nem quero, tendo a dita raiva a quem assim o deseja
poiso assim os olhos já negros de noites pouco dormidas e dias a fio sem parar, de sorriso ainda não totalmente gasto entregue aos poucos momentos que faço acontecer,
pois há ainda quem faz e acontece,
ao restante que povoa o Mundo e as suas palavras, os seus sonhos e falsidades, as suas memórias verdadeiras e as que se alimentam de ilusões, devoto eu tempo algum,
nenhum do meu portanto,
se puder ter sempre no olhar um lugar onde reservar os meus sonhos, que seja sempre meu
que nunca o deixe à mercê do vento e dessas tais, que as leva ele
palavras

3.10.09

"I Love You Mia Wallace!"

Dias há que me canso de humanos e remeto-me para a ficção que ora projecto em ecrãs ora nos sorrisos de desconhecidas. Dias há que guardo ódio por outrém. Dias há que remeto para o total oblivion, cruel ignorância. Dias há em que se vira a página e se colocam os pontos finais nos "is". Dias há assim em que submerso de pensamentos, entregue ao mais recôndito e negro lugar da minha alma me pinto assim. Terminou o tempo.

5.9.09

Um Mundo Só... Meu!

O que orbita afinal na nossa vida,
existência
duvidaria que as palavras, essas que se esquecem, passam de moda e lugar, de contexto
as pessoas, que envelhecem e mudam aos poucos para algo que se quer pensar,
esperar
melhor,
nem sempre
os amores que se tornam intemporais, como se sempre à flôr da pele com o pensamento apontado aos mesmos como se os olhos postos num céu estrelado
as amizades que perduram, as que se prestam ao passar das semanas,
das ausências,
de tudo isto que é viver e por vezes convenhamos sim,
cansa e é difícil e acima do mais
cansa
se por vezes parece que a humanidade nos foge por entre os dedos, como as últimas gotas de água salgada que o Sol seca da pele
só cabe a nós mesmos, comandantes de um qualquer vôo nocturno,
manter apurada a rota, qualquer que seja ela de forma a pelo menos se não nos encontramos,
e pelo meio de tudo o que se some,
jamais corrermos o risco
de nos perdermos

"E dias há em que me perco eu em ti ou no quer que seja que de ti, talvez em vós e na soma das vossas melhores partes excluída a minha pior. Se tudo feito de melhores partes apenas, a perfeição. Se excluídas as más, afinal quem seríamos nós. Não eu. Não tu."

22.8.09

"Dias Atlânticos"

Tenho o rádio do carro ligado,
algures por uma estrada de terra batida que percorre a linha de Costa
entre o próximo tune que se faz passar pelos ouvidos e o Sol já a precipitar-se sobre a linha do horizonte
eu e os meus putos e o carro atravancado de pranchas, fatos, toalhas e muito pouco mais de que é feita a felicidade
chegados à beira-mar ou beira-praia conforme entenderem
altura de mudar todo o gear para um lugar onde o pico de onda se faça sentir mais que no resto
encontrámos
depois de vestidos os fatos e feito o aquecimento célere de quem tem ganas de sentir a água na pele,
o contacto dos pés com a água gelada e a certeza que de nenhuma outra forma seria possível permanecer tanta hora, tanta tentativa, até à próxima e à seguinte
porra que está fria
mas nunca está,
se aquecida com a nossa vontade, com a nossa paixão e a simples porém duradoura felicidade de gente que como nós aprende assim a ser mais simples,
serena
diria até feliz
se a vida são dois dias, que passe um deles no mar a surfar..

20.8.09

"It's Another Sunset We'll Never Share"

It's another sunset we'll never share,
4h32 am says the clock and I've seen your eyes more than once around this block
though the day is gone, the night has come and it's now done I'm sure
I can miss you no matter what comes


Mesmo que sem nome e sem lugar,
por noites que sejam elas de bréu ou mesmo luar aqui me prendo à alma
dos lugares e pessoas que passam como mero teatro pelos meus olhos sinto porém assim,
as coisas que resumidamente nunca escrevi
o copo na mão e amigos presentes como se nunca, mas nunca estivéssemos ausentes
e porém assim estamos como se a janela sempre aberta e a fresta de ar
eu por ocasionais vezes a dar por mim assim,
a esperar
nem sei se por ti, se por mim, se por mero lugar,
comum ou sei lá, ter algo com que sonhar
depois lá me lembro, a um lugar a que me prendo, que palavras são meras elas sem peso
sem nada que mover, nem montanhas nem um lugar para dar lugar a novo ser
pois se nunca fôra nunca será,
se algum dia me libertar, afinal o que restará?
portanto assim, de sorriso posto me movo, de lugar em lugar algum me comovo por vezes assim,
em noites que tais
há sorrisos no Mundo
mas nunca iguais

13.8.09

"Mi Piace"

"Mi piace la luna, li cose belle e tutti li sonrisi dil Mondo"
E por vezes possa parecer que afinal não,
que feito homem de lata a caminho da Terra de Oz não bate afinal sob o meu peito que, presumo eu
como o vosso
feito de camada de pele, carne e osso,
se esconde quase intocável do Mundo que se adivinha lá fora cada vez que se pula da cama e os olhos se esbatem no próximo sorriso alheio que deixa adivinhar chatice, problema ou qualquer outra desculpa miserável para não ser feliz
como aparências iludem, não é este o caso de yours truly and dearly darlingly me
nem tem de ser, pois casos são para polícia e para médico seguir,
sendo que sem ambição alguma de ser o primeiro e curiosidade quanto ao segundo,
deleito-me antes em ignorar essas coisas parvas que se possam pensar por breves momentos com base em qualquer falácia que por aí se arranja
é verdade,
apenas porque todos os dias me deparo com a solidão real ou articulada de quem vou conhecendo, dos olhares que por aí andam e pelas pessoas que irrealmente acreditam que desta é que vai ser,
como se não houvesse uma tal de Sazonalidade até para estas coisas
a mim Me piace senere come sei à distância que tiver de ser,
da pele que gélida se embrulhou na água do Atlântico, do sorriso rasgado com a minha nova princesa de quatro patas, dos céus do Verão e dos sorrisos das desconhecidas que ignoro na minha petulante forma de fingir não existir,
na expectativa do que se avizinha e dos amigos que fazem da praia aquele bocadinho ainda melhor, mesmo que por meio de pequenos-almoços mais demorados do que planeio e de ter que reler o mesmo jornal duas vezes
tudo isto vale a pena pois é dito,
a alma não é efectivamente pequena
a vós todos um fantástico Verão cheio de paixões físicas e espirituais,
de lugares mágicos e noites encantadas, manhãs leves e relaxadas e tardes preenchidas por sorrisos mil
a mim o mesmo,
sem dúvida!

3.8.09

Coisas Simples


Estes dias mudam-me
como se me tornassem mais menino e fizessem crer que o Verão vai desta feita durar para sempre,
que podemos estar descalços de madrugada à beira de um bar que fica ali mesmo,
à beira do mar
a lua pendurada no céu com uma ligeira neblina,
as caipiroskas que não se apagam,
contamos mais umas quantas coisas e rimos de chorar e esqueço-me que afinal o tempo passou
olho ao fim da tarde para o canto onde diz que um dia tinha quatro anos e me apaixonei para nunca mais a ver ou rever,
a água que passou por baixo da ponte e ainda respiro o mesmo ar, piso as mesmas areias e acredito que mesmo os lugares onde fomos um dia extremamente felizes mudam com o tempo,
ligeiramente como as linhas no rosto e os cabelos brancos,
por vezes para uma versão diferente e tão boa da realidade quanto a anterior
a dureza de tudo isto passa pela forma célere como o tempo, esse ranhoso, passa por estes dias e se precipita até ao fim do frágil Verão
os três e os quatro dias de bochecho que me sabem a mil esbatem-se na lentidão destes cinco a seis que passo em lugares menos aprazíveis, com pessoas menos genuínas, na ausência do Sol, da pele morena de Verão e de coisas simples mas tão boas
resta-me Setembro que promete ser polvilhado de emoções,
a mais um passo de mudar tudo na vida que segue enfim os caminhos a que me proponho para essa coisa tão badalada,
uma existência feita de mais entretantos assim, memoráveis e divertidos
que nos encha a alma com positivismo e sorrisos,
mais uma oportunidade para nos preencher ao virar da página

ps. Obrigado aos amigos que perduram a fazer a diferença!

27.7.09

Meet You In The Sunset

Duas das melhores pessoas do Mundo fazem anos entre ontem e hoje,
poderia de sorriso Meu dizer que são duas Princesas
a primeira porque vive do seu ser feminino, por vezes aparentemente frágil como se preso por finos cordéis, ainda que aos meus olhos pendurada por correntes inquebráveis que resistirão muito após todos os outros,
esses ditos facilmente felizes e contentáveis com a existência,
cederem
virá ainda o tempo em que Pi perceberá que o Mundo é inconstante, como a existência
que ora estamos em cima, ora em baixo
que uns dias temos um centro do Mundo, outro nem os nossos pés encontramos porque a cabeça não está onde pertence
Pi perceberá aquilo que já sabe portanto
que a vida é angariar de tudo isto a parte melhor, a parte mais efectivamente importante ao espremer cada experiência,
saberá que é o que M lhe deseja como prenda de aniversário pois é a isso que ele, hipócrita e friamente, se dedica afinal durante todos os entretantos

A outra princesa dá pelo nome de Joe,
não fôra o seu ar tremendamente másculo mas de sorriso fácil e feminino e chamar-lhe-ia minha irmã,
não que ele se importasse afinal, pois é uma daquelas raras pessoas que povoam para lá das fronteiras do meu Mundo onde convenhamos,
a grande maioria de vós que me poderá estar a ler e considerar-se meu amigo
simplesmente não tem (ainda ou jamais) reconhecimento para polvilhar
julgar-me por uma meia-dúzia de linhas em centenas de "posts" é fácil
a parte difícil ocorre em horas de partilha dessas horas mesmas sentados ao pôr-do-Sol numa qualquer esplanada em que o dia esteja bom para os ágeis de pensamento e para os maiores de alma,
(não eu)
Ao Joe sei que começa para ele um novo dia,
numa vida que está em mutação, entre fases difíceis e fáceis
é o meu Irmão e pouco tenho para lhe ensinar que não seja onde encontrar o ponto de equilíbrio onde esquecemos tudo o mais e perspectivamos aquilo que interessa.
No nosso caso, uma cerveja fresca num quente fim-de-tarde à beira-mar

Este é em suma a chamada das Princesas,
das poucas que restaram após terem sido efectivamente dizimadas pelo tempo,
pela mediocridade que com ele se arrasta e com os cerrares de olhos que aparentam felicidade quando a visão entra em blur
é também um anúncio de morte para quem nunca viveu, para essas partes de vós que tendem a criticar, a massacrar e a tentar amassar os outros, regra geral nesse Portuguesismo tão triste e denunciador de uma tremenda e monstruosa falta de auto-estima
Ao pôr-do-sol apenas conta quem está,
esteja como estiver e quando estiver
encontro-vos lá

20.7.09

Eu - A Redundância levada ao extremo da Arrogância

A medir o tempo,
como se lixo enfiando memórias em sacos que se atiram escada abaixo para o contentor mais próximo,
como as limpezas que se fazem em casa velha, as caixas e caixinhas, as fotos e as ideias gastas que parecem ainda fazer furor em vidas diferentes
que não a minha
entre toda a bondade emulada que existe de trazer por casa, das coisas que se dizem merecer e de todo esse carácter que nasceu provavelmente da noite para o dia,
é inevitável sorrir sarcasticamente e explicar afinal ao Mundo o porquê,
mesmo que o Mundo esteja a marimbar-se como eu tendo a estar para ele
simplesmente.. não me interesso
ora porque a vida de A e B me é totalmente redundante, ora porque desatino com falsidades, com hipócritas de fazer passar a mão pelo pêlo que digo, não gosto senão tinha-o,
de todo esse amorzinho de bolso feito iPod e sorrisinho de merda que parece feito de aguarela em dia de chuva, dos cafézinhos e jantarinhos, cineminhas e sei-lá-que-mais, tremenda falta de imaginação de nos fazer sentir vivos afinal
nunca fui, nunca vou ser
para quê perder tempo a fingir que sim,
que me importa ser igual
se para mim todo o Mundo se faz num areal, em milhões de litros de água salgada e espuma, de vagas desenhadas a preceito e o vento que nos corta a pele,
do céu azul cá em cima onde o ar é rarefeito, onde as nuvens estão fundas lá em baixo e o Mundo parece sempre tranquilo, puro
fechar os olhos e esquecer tudo isto seria esquecer quem sou
fecho portanto os meus,
lembrando-me de tudo o que é meu
o que é enfim
sou eu

9.7.09

Ao Espelho

Ao espelho sou mais um rosto apenas,
dias há que um ser que não se vê assim por ter cores que não são dadas à pele, ao sorriso, às pequenas rugas que se fazem em tempos largos,
a cabelos que mudam de côr e textura, do escuro em volta de olhos que descansam pouco por noites a fio e que ficam sem dormir quase sempre imersos nos mesmos pensamentos que nos assolam
o que poderia ter sido diferente, o que poderia ter sido igual, a que caminhos me presto para chegar onde quero ir
nesses dias o ser encontra-se nos olhos,
perdão no olhar
que ora pesado ora sorridente se faz sentir e se projecta para os restantes seres
ao tombar a cabeça na almofada em quantas mentes, se alguma
em quantos corações se algum o há
e porque não em que condicionantes e condições, em que parcas e frágeis existências e insistências desta coisa que é afinal viver e insistir persistir existir
ao que atiramos afinal o tempo,
se preenchido por espaços vazios, sorrisos de passagem e olhares que não trazem real e quente conforto
humano
de que formas encurtar e minimizar todos estes lugares onde está silencioso e quieto, mesmo que numa ausência de verdadeira paz
que palavras diria hoje afinal depois de tanta estrada, de tantos céus e tanta hora passada afinal em quê
e porque não persistir afinal existir,
se dentro disso existe o sonhar, ansiar e persistir criar
porque não apenas e simplesmente
ser feliz
dar passos largos em espaços curtos e vazios,
preenchê-los sim, afinal porque não
com sorrisos

8.7.09

Ser

É novamente tarde demais,
entre os ponteiros que batem para lá do planeado, a lembrar que o futuro próximo é feito de dias onde a manhã começa ela também cedo,
demais
existe todo este céu lá fora que me preenche os olhos,
pleno de mil cores que fazem todas parte de mim e eu delas, como se por momentos palavras houvessem para lhes dar ritmo, movimento
eu aqui,
lençóis brancos e ao colo um bocado de fios e plástico que me ligam ao Mundo que vos liga a mim, numa tardia noite em que inscrevo não em pedra mas em dígitos algo que talvez pouca gente venha a ler
seremos sempre o que quisermos ser, aquilo para quem nos quiser ter
vou fechando aos poucos os olhos, como quem morre para mais um dia que passou,
a ansiar uma nova vaga de inspiração que dê mais vida ao que escrevo
como que se por momentos pudera gravar as minhas ideias para lá fora longe
além do céu reler e voltar a pintá-las
da côr do meu ser

24.6.09

"Aquela" Arrogância

Entre os seres que nós,
ou como nós
tendem a pensar que as pessoas se possuem, como se possui a amizade ou o amor, adereços da vida quotidiana,
que como tudo o resto somos donos do Mundo se por vezes nem do nosso,
remete-se para a arrogância, uma que roça a má educação e prepotência quando as atitudes nos chegam ao nariz e tem que se dizer que basta
há coisa de que me orgulho
essa tal é a de ter conquistado a minha vida como só minha, dono do meu senhor nariz e pés que me levam onde quiser, com quem quiser e onde quiser,
obviamente sempre que puder
porque nem todos os seres são feitos para se rodearem de prisões dentro e fora de si,
porque genuinamente existe quem goste da liberdade,
dos espaços abertos dentro dos olhos e fora da mente, de saber quem realmente tem e quem precisa de adjectivos para sentir que nos tem,
esses sim completamente antagónicos de quem somos, do que sonhamos e desejamos para a nossa existência
é disto que falo
de sonhar uma existência e construí-la em redor disso
sem admitir que nos coloquem em causa as motivações, as opções e os caminhos que temos de percorrer para lá chegar
se apelo pela diferença, que seja respeitado por ela
pois tudo e todos têm o seu senão,
sendo o meu esta atípica existência, a dita estranha forma de viver
a vós que me sentem e entendem, o meu sorriso pertence-vos
aos que não,
devoto-vos ao lugar onde pertencem

;)

17.6.09

The Saddest Girl to Ever Hold a Martini

Escreve-se a partir de uma qualquer ilha do Mediterrâneo,
dado o nome à "mana" mais pequena, Menorca
apelou-me algures o ano passado enquanto em plena aproximação à pista notei as falésias e villas com piscina que por tal lugar pareciam acompanhar a linha de costa
sendo pessoa dada a ideias fixas convenci-me nesse dia que colocaria a dita ilha num qualquer top imaginário a visitar "brevemente"
ora o tal do brevemente foi ontem,
a tal da ilha ainda dá pelo nome de Menorca e eu ainda dou pelo nome de M
ou algo para tal efeito

há pensamentos que nos assolam os dias, os fins de tarde e inícios de noite
os caminhos que percorremos para chegar a determinado lugar,
quem nos acompanha pelo caminho e quem fica para trás
há um sem-número de instâncias que nos levam a percorrer esse trilho ao qual chamamos umas vezes indevida,
outras bem mais que devida
vida
sendo que vida é presente em ambos os termos, estou em crer que a dualidade delas se adapta mais que bem a este discurso, até porque yours truly tem o seu quê de dualidade
é fantástico acordar no paraíso,
a água do Mar é quente e transparente, os locais são amistosos, há paz e sossego ao virar da esquina
há Sol, há pele a ganhar um tom mais escuro, existem lugares misteriosos escondidos para lá das paredes desta varanda de onde me dirijo a vocês ou, como mais vezes que costume,
a mim mesmo
entre pensamentos desviantes à minha natureza, à forma como penso e sinto, à racionalidade e afins
existem realidades alternativas que se prendem a ideias erradas do Mundo,
os ditos dourar a pílula apenas porque
como se sonhos e realidade fossem sempre ligados por um fio condutor e não fossem os primeiros um melhoramento da segunda
nesta dualidade encaixo eu,
pleno de sonhos, alguns que por vezes tendem a atormentar-me de tão boas versões que são da dita realidade mas que, ao acordar
choca de frente com a racionalidade do seu ser e com a realidade com que se depara
assim ao final da noite ergue-se o copo
este de cuba libre e apagam-se as luzes
chegou a hora de sonhar

4.6.09

Meu

Tens olhos verdes
e não, apenas do Sol e da forma como a íris se adapta ao excesso de exposição solar
não que algum dia tenha tido excessos,
ainda que a pele morta a provar-me o contrário e as temporárias sardas que habitam no meu nariz há dias
talvez contagiosas
a fazer pensar que vivo suspenso entre entretantos, como se a vida não fôra mais que um play>pause>play ao qual me tento adaptar e no qual vou encontrando reflexos de mim
hoje ofendido porque lamento
não sou tremendamente inseguro
que o diga quem me conhece de ginjeira e a alma ainda em horários estranhos,
de pessoa que deita às sete ou oito acorda às três quase quatro e estranhámos
eu e o senhor do táxi
afinal de contas amanhece às quatro e trinta pois
já luz viva e céu azul e juraria que sete da manhã noutro lugar qualquer,
a mensagem que não podia faltar entre a Natalie que pergunta para quem sempre
como se duas vezes sempre
eu sorridente digo que a querida gosta de acordar com as minhas palavras sussurradas ao ouvido e hoje,
hoje perdi-me por entre parêntisis e frustrações de animal enjaulado pois se há coisa que não suporto são liberdades aparentes,
glimpses de
a sonhar com não sei quem não sei onde mas sei a fazer o quê
e a outra entre pensamentos porque personifica isso e vai daí,
mais um dia entre paredes
parece que um dia vão cair, derrubadas e extremamente inconsertáveis as ditas
eu correndo louco pela rua fora direito ao pedaço de Oceano mais próximo a descalçar-me metros antes e de imediato
enterrados os pés na areia
calhaus se Brighton
talvez novamente sentir-me completo a olhar para cima apenas céu,
em volta apenas azul
em mim apenas eu e o que me preencher nessa dita altura,
meu
talvez morrendo amanhã num virar de costas ou quem sabe
viver por oitenta anos mais,
como se
e talvez apenas sustente mais este pouco de mim com as melhores memórias em imenso tempo
que apenas doze dias fizeram,
uns bem mais que outros mas praticamente todos imenso
de mim que me encontrei preenchido
nessa dita altura o que me preencheu e preenche
meu

Este post é dedicado ao Joe, à Pi, à Natália e ao Luís. Á Carolina. Á Andreia e o seu novo número religiosamente guardado. É dedicado ao bar da praia, à onda do lagido, à minha prancha, à areia do Oeste, às meninas do bar, à praia del rey, ao meu carro que fez mais de mil quilómetros em dias, aos senhores do restaurante onde fui "n" vezes, ao Simon que é nosso Comandante e me deixou sentar o cú no cockpit para o Londres-Lisboa no meu primeiro dia de férias. Aos meus Pais que são tudo, à Snow que continue a chiar por anos vindouros. Ao smokie a quem amo a sua dupla personalidade. Á periquita que tem um estranho fetiche por mim. Ao periquito que a atura. Ao nosso gato novo que é um gremlin. A vocês que têm o desplante de me ler. Gosto mais de vocês que de beber copos de água!

16.5.09

A Domani

A domani, Milano
e o tempo em N como se os ponteiros do relógio feitos de letras e eu feito de mecanismos que mexem aos poucos
precisos e precisamente para onde devem a menos que
o Tal que proíba
me falte a energia e me quede em total inércia não de tempo
outras coisas
fazes-me bem,
a lembrar a frase feita e gozada pelo Sérgio numa qualquer noite em que nós já muito e ele sai-se com
fazes-me falta
o que era obviamente associado ao futebol virtual assim ficou marcado por um acesso de carinho e amor óbvio motivo de piada para semanas vindouras,
não fôramos nós todos um raio de desgraçadamente loucos, ainda que loucos ainda
definitivamente mais velhos, mais estragados, mais sábios e perspicazes a coisas destas de quem por motivo algum diz
fazes-me bem
de imediato a saltar à cabeça as frases do umbigo,
da que se perde nela mesma porque não sabe nem quererá sequer saber
do que tentam fazer de mim todos os dias e eu
não, não, não
sem deixar
como as palavras como as ideias do livro do Lobo Antunes que recomecei a ler,
não o Nuno o António
as pálpebras pesadas e o coração inerte, já demasiadamente habituado a estas andanças e eu às manhas dele que não, não, não
passando por isto e aquilo que não sei bem nem sabem do outro lado e os anos de silêncios que se fazem entretantos e aqui singramos aparentemente ainda bons,
imutáveis e crianças
quase que a ignorar que o tempo não faz mossa, não faz ruga, não ataca aqui e ali acreditando como um dia acreditei
que nos reciclamos ao envelhecer
regressar a crianças,
limpas as rugas, renascido o cabelo e o sorriso, os sonhos todos lá e o coração puro
pronto para recomeçar da estaca zero como as que me relembram daquela praia no Sul
fim de tarde e eu e a R a lutar não sei bem pelo quê que nunca entendi,
mas o fim de tarde era azul e ficou sempre azul, como eu eventualmente fiquei

o tempo muda-nos, aos poucos
como os pratos de uma balança que pendem ora para um lado ou outro,
as pessoas que nos tentam mover, não que sejamos montanhas ainda que por vezes ajamos como tal
não sou inerte mas dinâmico ser,
a mente que mexe por vezes mais que o corpo que se queda para lhe dar passagem e eu aqui
novamente
pálpebras pesadas e os sonhos por vir
a domani,
Milano

10.5.09

Come On Over, Let's go Dance

Há dias em que os dedos acordam como se com vida própria,
só deles à qual assistimos inertes mas sorridentes, de olhos postos no pedaço de papel, ainda que este digital, em que redigem aquilo que passa directamente do nosso cerne à ponta das falanges
provando assim que a consciência é, por vezes, um mero muro que erguemos ao longo da vida entre o que realmente somos e o que somos toldados a ser,
por vezes obrigados
incapazes de sequer querer começar a querer saber disso, as falanges, essas vias de mágica do ser, dançam por si mesmas e por sua livre e espontânea vontade, ao sabor das essências que o dito ser lhe transmite
os raios de luz que aquecem a pele, o vento polvilhado de pólens e cheiros agradáveis que pairam no ar,
o tipo de coisa simples que simplesmente deixa a pele em ponto galinha de puro e sensível prazer
o consciente em harmonia com o ser, esse
a cada dia mais certo das distâncias e distanciamentos com o Passado
em plena e amena cavaqueira com os seres do hoje,
de quem importa e quem se faz importar
esses também seres, como eu e os outros, plenos de peculiaridades que deveras aprecio
maioritariamente as mais simples,
portanto as mais raras
entre o erotismo de mais uma música de Zero7 que preenche os espaços vazios da casa no meu início de manhã, ou mais um cigarro que se esvai literalmente em fumo
só mais este e estamos acabados de vez
entre os pequenos vícios mortais, dos quais creio já ter sido adepto de praticamente todos, resta-me este em particular
que nada tem de bom a não ser aquela momentânea pausa para debitar para dentro de mim as ideias, os balanços, as coisas boas e más de existir hoje e agora
como se de pleno existencialista fosse e me tratasse,
e não como irresponsável imaturo incapaz de impingir o que seja a quem quer que fôsse,
imutável nas minhas atitudes,
mas não sou, não tanto assim e que o digam e por mim escrevam as falanges que,
ao ritmo do erotismo musical
acompanham o meu ser ao longo deste dia e de mim para vocês desse lado do ecrã
como que se os dedos estendidos e o sorriso posto
cá estás tu
cá estou eu

8.5.09

Grazzie!

A tudo e todos,
que lá fora o céu continua com estrelas mil
por muitas quantas noites tenha nuvens que nos façam duvidar da sua presença
mesmo que a lua opte por se eclipsar da nossa insignificante e redundante vista para porque sim e porque pode
senhora de si mesmo
ocultar-se como se ela também eterna fosse
vários e vários momentos eu a fitá-la e pensar que a mesma foi vista por Carlos Magno, Jesus Cristo ou qualquer outro mortal que conseguiu pular a barreira do anonimato
gloriosa e senhora de si mesmo
optou por permanecer inerte a tais insignificantes e redundantes seres e suas vistas
porque afinal fingir que se é de todo igual quando se sente prazer na diferença,
nas vicissitudes das coisas boas e na coerência a que nos damos entre detalhes em que mais ninguém opta reparar
porquê arrastar noites em pequenos nadas que são tudo,
dias em tudo que não significam espremidos uma gota de nada
aparte esta humanidade que me assola hoje e talvez tenha vindo para ficar um qualquer tempo,
não será por isso que menos cáustico e sarcástico, menos sonhador cá dentro enclausurado feito gato grande em jaula mínima de fortes barras de ferro e porta por abrir
incapaz de verter lágrima às infelicidades que assolam os outros mas com alma suficiente para partilhar o que lhes vai na deles,
eventualmente deixando-me assim sensaborão,
entre sorrir porque gosto e sei que gosto,
como é bom saber ainda gostar
ou ficar simplesmente arrasado porque estamos cá para isso,
partilhar tudo o que possamos da nossa existência
aprendendo contigo, com eles e elas
os bons e maus, justos e injustos, bonitos e feios por dentro, por fora
que todo o dia assim menos humano,
menos dado e feito para dar
é mais uma oportunidade perdida para também receber,
aprender
seguir enfim em frente e não mais estar entre jaulas
no mesmo lugar

5.5.09

365

Diz que fez hoje um ano que tirei os pés do chão,
por assim dizer pois existem aqueles de nós que parecem nunca os ter assente no dito algum dia
como se por teima ou por desculpa genética tendessem sempre a pairar com os ditos pés a centímetros, metros e mesmo quilómetros do solo
dependendo do dia claro está
tudo tem aspectos positivos e negativos
um tal de Ying e Yang, preto e branco, faces díspares da mesma moeda que por algum motivo nunca se encontram
o Ying é óbvio
o ar sorridente de menino com os olhos pousados em tudo, minuciosamente atento às peculiaridades de lugares e pessoas, com um toque de inocência e outro de sensatez
dose abismal de bondade
o Yang que o torna díspare de outros seres que com ele partilha semelhanças fisionómicas, opiniões ao de leve e coisas de adultos como a casa que queremos, o número de filhos e o casamento de sonho que alguém prometeu sem nunca ter aberto boca
afinal de contas faz um ano entre vôos,
por um Mundo que era imenso e se fez mais pequeno como que do tamanho da palma de uma mão, de milhares e milhares de rostos e centenas e centenas de conversas, de sorrisos e gargalhadas sonoras, de danças e malícias risonhas
um ano passa depressa, o que nos faz ponderar para que ralo é sugada a nossa existência, onde andam as pessoas que por aqui passaram, os amigos de longa data e onde estaremos todos daqui a mais um (célere) ano
enquanto o Sol se vai pondo para lá das encostas verdejantes de Inglaterra,
os pássaros recolhem-se por entre as árvores do jardim de onde escrevo
o cão já semi-exausto brinca com a sua bola predilecta
eu já exausto sorrio sereno
para onde vamos?
de onde viemos.

4.5.09

Um Dia Serei Perna de Pau

Um dia vou saber pintar em palavras e cores rectas como me sinto,
de que é enfim, feita a felicidade em mim
terá sido dos passos que dei em paralelo com outro par de pés?
tendo em conta que ainda não tive amigos, amigas ou namoradas pernetas
tivera eu tido um ou uma de tais e chamava-lhe Pirata,
com um gelado perna-de-pau da Olá na mão e um sorriso malicioso
um dia vou ter um amigo ou amiga pirata,
uma namorada pirata que me seguirá ao pé-coxinho (afinal de contas o único que lhe resta, portanto não bem coxinho) e mascar-nos-emos de pirata e pirato,
como se pirato um termo fôra mas não se faz pouco de sonhos infantis dos adultos
um dia navegaremos pelos mares fora,
o factor 100 na mala e a pele já tostada, com a nossa roupa de riscas pendurada ao vento e as ondas a estatelarem-se contra o casco
no horizonte coisa nenhuma, absoluta e completamente sós no espaço, não no tempo
seremos peças pequenas por um Oceano gigantesco fora,
com o suor e a água salgada pela pele, como se por momentos apenas fôssemos parte daquele elemento
ao delinear a rota pelo mar fora, eu e perna-de-pau teremos em comum a aventura que é existir,
seguindo enfim sem rumo aparentemente delineado
um dia vou seguir, tendo então mais palavras para debitar do dicionário para a alma,
da alma para o brilho nos olhos,
dos olhos para aqui
onde estão vocês

As Essências

Da felicidade,
coisa acerca da qual se escreve muito, se discute efectivamente pouco e se sonha constantemente
sonho eu,
enquanto humano que sou cá dentro, feito de carne, osso e cabelo, sangue e água
muita água, dizem
pois muita água corre por nós em determinados tempos da nossa existência
no nascer anuncia que sim, estamos vivos e bem aborrecidos por termos sido removidos do conforto para este discutível Mundo
que hoje não vou categorizar de bom ou mau, apenas o que ele é
sendo portanto
tudo isso
ocasionalmente choramos de felicidade,
sei eu que já o fiz e também conseguiria com atroz certeza identificar todas as outras vezes que o fiz tantas quantas as que me senti preenchidamente feliz
em vida curta esta,
que é como dizer que abrir e fechar de olhos e passou tudo
todas as memórias, todas as pessoas, todo o Amor e ódios de estimação
todos os ecos de risos e sorrisos, de olhares cúmplices e todos os adeus,
vivemos no ralo da existência,
serenos
sempre dispostos a sonhar com a essência que nos faz maiores,
humanos
que desperta em nós as mais deliciosas sensações,
o nosso melhor lado
ao fim de cada dia vencidos para novamente acordar dispostos
contemplando o Mundo para o qual fomos atirados,
serenos,
sonhamos com ela
a Felicidade

30.4.09

Vida

Ultimamente tenho dado conta que não prego afinal, aos peixes
diz quem sabe quem é e concerteza sendo fervoroso adepto da causalidade matemática
acredito que haja quem não diga
que me lê, ou que lê o que a minha mente debita em singelos cinco minutos que me levam a escrever um post sendo que, confesso-vos mais que honestamente, há outras alturas em que escrevo apenas nas paredes da minha mente coisas bem mais articuladas, vivas e deveras tocantes
tocantes pelo menos a mim ou às résteas de alma que me surgem ocasionalmente, entre a minha ora aparente apatia, ora aparente arrogância e que vá lá
aceito
faz de mim diferente, especial ou qualquer outro adjectivo que queiram colocar na minha tshirt para substituir o Super Mário
faz anos que não penso em mim com adjectivos mas antes com sensações,
das gargalhadas que dei, da água gelada do mar na pele, dos lábios de alguém e a que cheirava a sua pele, de olhares que diziam tudo por tempos a fio e da sensação de me afogar,
confesso que já houve uma ou outra ocasião em que apesar de óptimo na arte de nadar, experienciei o que existe de próximo do afogamento
de me sentir acompanhado quando só e completa e tremendamente só mesmo quando acompanhado, dos sonhos que tive a dormir e os que surgiram de olhos plenamente abertos
não meço portanto os meus dias em calendário mas em experiências e se foi muito ou pouco tempo que as separou, ao que a intensidade também conta para a matemática
existe algo de tremendamente compensador em saber que conseguimos subsistir sozinhos
testando a força que existe dentro de nós para superar cada dia, cada semana, cada Estação do ano,
superar os que nos querem menos bem, aceitar com um sorriso a sua pequenez e a mesquinhez que existirá sempre no ser humano
aceitar que existem pessoas mais inteligentes, mais bonitas, com melhor sentido de humor, ínfimas qualidades mas não esquecer de quem somos e de que nos podemos orgulhar
há qualidades em nós, humanos, que são incomparáveis pelo simples factor de serem únicas
sem o senhor A ter mais que o senhor B como se de um saldo se tratasse existem o Carácter e o Amor. Próprio e pelos outros,
sendo que podemos catalogar cada um como sim, diferente e peculiar, são total e completamente incomparáveis
quem tem Amor tem-no, seja por algo na vida ou por alguém,
seja por si mesmo
quem tem Carácter tem-no, sempre alvo a abater como se na rua puxasse um dito simplesmente para no dia seguinte voltar a fazê-lo
Ninguém diz que a vida é fácil, simples
que iremos todos ser felizes e realizar os nossos sonhos e que sim,
as histórias dos livros e dos filmes que nos inspiram o que de melhor há em nós são todas reais e tudo de bom acontecerá na nossa vida
não são,
antes são versões ideais de como a vida deveria ser e não é
ou rasgos de inspiração de como a podemos moldar
encontrarão sempre na vida quem vos tente colocar de rastos mas guardem,
guardem o que de melhor possuem e partilhem-no com quem de melhor conhecem
não importa o que se escreva ou diga,
a única coisa que importa nesta vida é em suma
o que se faz com ela

26.4.09

"Callate" e Dá-me Lume

Pousei as patas novamente em Londres
nisto de vida às costas ou eu às da dita e embarcarmos num airbus como o senhor António embarca no Cacelheiro para fazer a travessia do Tejo,
pensar que ainda ontem acordei na praia, o odor ainda doce e a casa ainda meio que desarrumada mas limpa como me apeteceu tê-la,
as minhas coisas no lugar devido, outras no lugar mais proibido possível e a sensação que estava em suma
satisfeito
caminhei da porta ao carro, esses longos dez passos para aqueles longos trinta segundos que demoram a fazer a rota CSA-BDP,
entenda-se Casa - Bar da Praia
apenas com os poucos estrangeiros que se deleitam com as ondas no seu momento de pausa, o meu galão e sandes mista com o Sol (desta feita o jornal) e A Bola à mistura
não sei porque compro ocasionalmente A Bola se a "leio" em coisa de cinco minutos,
de tão enfadonha leitura que é, bem poderiam fazer para nós uma mini-Bola com notícias apenas do Benfica, dos novos cromos que vêm e dos que vão, se o Eusébio ainda come bitoques e alguém que faça uma coluna a explicar porque é que o Shéu & Amigos continuam por tais paragens
ao ser confrontado com a realidade que agora me traz directamente da minha cama no Reino Unido,
coisa que soa ao Senhor Doutor Príncipe Desencantado numa qualquer Suíte Real,
lá tive que pegar nas matrucalhas e mudar-me com relativa prontidão para a base de onde hoje, voltei a voar para aqui
daqui a pouco mais de vinte e quatro horas acordo para mandar o meu real - ou Principesco para quem estava atento - traseiro para Thessaloniki, coisa que tem o seu nome em Português mas ao qual não dou devida importância porque à excepção das miúdas parvamente giras, é ponto do Globo que não me traz qualquer ameno ao peito,
não só porque para tal vou ter que me erguer do lençol às três e coisa da madrugada como tenho que ir aturar o outro e a sua namorada e mais não sei quem, todos juntos a aturar cento e cinquenta gregos e gregas comigo a pensar que mais valia uma única onda de meio metro e um dia a lavar a casa,
na praia!

Nisto sugiro ainda que as pessoas tomem as seguintes atitudes na vida,
se têm algo a dizer que o digam, se têm algo a fazer que o façam, se não têm remorsos que sigam, se os têm que exorcizem os seus demónios e que se estão apenas para chatear, canalizem a energia para a mãezinha, paizinho e o diverso agregado familiar

Estou feliz, estupida e parvamente feliz de simplicidades
não estou apaixonado senão pela vida, pela energia positiva que tenho em mim e pelo Mundo que me continua a oferecer momentos Kodac quando mais preciso
fiquei a saber que vou morrer muito velho e que tenho muito mais de mim para dar,
mas isso já sabia
cheguei a casa e não só tinha o meu casaco da Adidas da candonga à minha espera como a Andreia me preparou a única e verdadeira surpresa da Páscoa feita Natal que me lembro de ter nestes últimos anos
dedicação assim é coisa difícil de encontrar num Mundo como o nosso e se por grande parte da minha alma o meu comovido obrigado, por aquela parte que é como um rochedo que sobrevive no meio do Mar - tipo as Berlengas!? - fico sorridente, passiva mas tocadamente sorridente
há quem entenda?

20.4.09

Time has no need to be Nervous

Cai no colo a segunda-feira,
enquanto alta e altamente se ouve um unplugged blues por esta casa grande algures nos outskirts de Lisboa ou do raio que parta qualquer que seja esta Região manhosa sem apelo
para não diversificar assim tanto quanto isso tenho a mala feita e pronta a seguir, ainda longe de vôos, para um qualquer lugar onde respire Mar e os pés se possam afundar lentamente na areia
por vezes apetece ir sem rumo, não regressar mais à vida como a conhecemos
tenho feito umas coisas jeitosas com o meu tempo,
menos internet, menos converseta da treta - daquela que nunca tive paciência para - e escovar da vida toda aquela camada de calcário humano que se acumula como o senhor dito às maquinazinhas de Portugal que não usam calgon ou calgonit ou caganit
chocante pensar que afinal uma máquina velha tem calcário vs. a máquina NOVA para o anúncio que não tem,
fico escandalizado!

Smile and wave boys,
e seguimos assim os nossos caminhos díspares como se algum dia tivesse importado afinal que caminhos paralelos as pessoas seguiam
há que ver afinal que a vida não é a literatura nem o cinema, esses sim são representantes de embelezamentos da vida, de apanhados compactos e floreados da dita
o que não tem de significar uma realidade enfadonha e cinzenta,
não o é, a menos que queiras
mas seria bom um dia as pessoas saírem dessa bolha de ilusões em que vivem hipnotizadas pelo que não é, crendo fazê-lo passar pelo que deva ser, certas que assim é

Meet you in the big blue!

13.4.09

LowCuras

Foram cento e cinquenta postagens em coisa de ano e meio.
Para os mais desatentos nas lides matemáticas dá coisa de muito pouca escrita para uma escala de tempo relativamente vasta e preenchida como foi a coisa.
Bem sei que não é meu hábito ser específico no que escrevo, deixando sempre os nomes de fora, os rostos como quem respeita a privacidade das pessoas que orbitam na minha existência e eu na delas. Convenhamos que uma órbita algo discutível, sendo que é nada mais que intermitente.

Andar alheado do Mundo tem conveniências.
Não obriga a sorrisos de circunstância, a telefonemas, mensagens, e-mails ou até abrir o MSN para conversas do quotidiano. Porque não, porque me alheei dessa coisa chata que é o quotidiano - tenho o meu e não me parece certo partilhá-lo, para quê levar com o dos outros? - sendo que nada pode ser mais desinteressante que a arte mundana de viver.

Há aí um punhado curto de esquizofrénicos que me agradam.
De tão atípicos que são puxam a minha atipicidade - passo a expressão a ferro - e despegam-se de quaisquer modus vivendis menos apelativos, mais entediantes, menos sexy ou seja, simplesmente mais malucos do que se possa qualificar.
Ora ninguém faz isto de propósito. Não por muito tempo pelo menos. A loucura é uma forma de estar, de viver e de encarar a vida. É do meu strangers in the night quando ilumino a reading light na galley instantes antes de aterrar. É a Magda que quer ir amanhã a outro sítio qualquer na Europa do pé para a mão. É o João que se balda ao trabalho para irmos para a praia. A Li que fica tirada do sério. O Say que grita Marco Polo cada vez que me vê. O Manuca e aventuras que davam BD. O Luís que apesar de continuar o mesmo tem mais sonhos que nunca. O João que me faz rir como sempre fez. A Andreia que teima em estar presente com a sua peculiar forma de ser. A Thu que me vai fazer ir à Finlândia gelar o rabo. A E. que de tão sumida que se torna não sei se viva se morta. O André que algures para a Tailândia continua a ser o meu irmão. A Joaninha e os seus sonhos de menina pequena em cara de menina grande com olhos que sonham como ninguém.

E mais, bem mais que não sei dizer, porque não quero ora não posso. Porque podia, mas não me apetece!

Gosto de vocês todos, até dos que me põem de parte ou simplesmente que não me entendem. Que nunca perceberão que não tenho malícia como a que vive para aí mas um carácter forte que não verga àquilo que eu acho incorrecto, deselegante ou inapropriado. Porque eu sou eu e tu és tu. Porque somos todos outros e convém sermos loucos de sinceridade acerca de como somos. Acima de tudo apreciar isso que somos, seres inequivocamente únicos que têm apenas este bocadinho que é viver para serem como são ao máximo do que possam ser.

Se não fazes disso o teu modus vivendis não te preocupes. Cada um tem o seu peculiar modo de ser...

3.4.09

World

O Mundo é deveras fascinante
não que tenha dado por isso agora enquanto quase completo uma directa de um longo e preenchidíssimo dia mas nunca é demais lembrar que sim
é fascinante
com os seus peculiares seres
Acordado ainda era noite, chegado a mais um dia de trabalho ainda noite, iniciado mais um vôo e ainda era noite até que na subida me viro para o João e digo
finalmente o nascer do Sol e já não era sem tempo
como se fôra o tempo tudo
entre esse nascer do meu dia e o morrer do mesmo já me passaram dezenas de conversas e centenas de olhares, milhares de passos, cheiros e detalhes que captei
um acordar em Londres com paragem no Sul de Espanha com regresso a Londres para largar a farda e refrescar para sair de seguida para o Sul de Inglaterra até Brighton onde convenhamos entre gaivotas que pairavam à beira da varanda assisti
ao pôr-do-sol
enquanto julgava todas estas coisas simples quase só minhas, por óptima que a companhia fôsse, julgava também as voltas que a vida dá
a pessoa aparentemente cruel que não sou, tótó que efectivamente nunca serei e a inevitável incompreensão a que são dadas certas pessoas no fascinante Mundo dos fascinantes seres
nesta aparente inacessibilidade que deixa tanta gente em mar alto como se corressem risco de naufragar numa costa de mau feitio perde-se afinal tudo e perco eu a vontade de me dar mais ou de sequer fingir que quero saber
sem queixas e sem humanos desesperos, satisfeito com as opções correctas que nos possam reger a todos sendo que a nossa vida é apenas uma questão de (nossa) perspectiva
haverão sempre coisas que ficarão por dizer e ouvir, coisas que ficarão por sentir e saborear, lugares que ficarão virgens da nossa presença
como haverão sempre lugares e pessoas mágicas,
liberdades e escolhas que são e serão só nossas,
como existirá sempre
o nascer e o pôr do Sol

22.3.09

Let The Sunshine

O Sol finalmente descobriu,
bem-vindo como é habitual, como se de salvador se tratasse que nos entretantos nos deixa a pele mais morena tanto como doura a disposição, é convidado a entrar janelas dentro nesta casa de tijolos vermelhos e telhados escuros
a duas horas de reportar para mais um medium haul flight, desta feita Sofia com todas as expectativas que costumo colocar relativamente a estes vôos feitos de personagens caricatas
existe o senhor que só pode ser mobster, a senhora que só pode ter aspirações a modelo-pornstar, as meninas que vibram imenso com a nossa presença e os outros que não falam pingo, ponta de, ideia de Inglês ou qualquer outra coisa que não se resolva com alguma linguagem gestual e uma dose ínfima de paciência
em dias destes leva-se o sorriso para o trabalho
porque conhecemos A e B, porque ao chegar C e D fazem uma festa por nos ver e apuram os seus sotaques como se eu de Italiano me tratasse que não sou
mas gosto
como todos gostamos de escapar imunes à indiferença e à distância que, especialmente aqui, as pessoas devotam às outras
a alguns poucos milhares de quilómetros fica o ideal do depois de amanhã, quando mais uma vez sentado no 10F orgulhoso dos meus óculos de Sol e do meu ar "clean and fresh" de quem não está nem virado a pensar em trabalho e chatices, aguardo pacientemente de headphones a posto e um qualquer filme até que do flight deck se ouça
cabin crew prepare the cabin for landing
e tal como eles o farão, saltarei do meu lugar onde permanecia já descansado mas no meu caso expectante de olho no relógio pela altura em que entraremos em aproximação final e o trem tocará o chão
de novo em casa, com tudo o que de bom e mau advém dessa circunstância, espero apenas encontrar este que me vai tocando a pele levemente,
o Sol
somos assim feitos das coisas verdadeiramente simples, aceitando tudo o que o Mundo tem de bom para nos dar e efectivamente aprendendo a ignorar tudo o que é menos aprazível, o que é até deprimente e desgastante
é verdade, são umas horas boas de trabalho daqui a um bocadinho, ainda que acompanhado pela sensação e antecipação de bons momentos feitos de coisas simples
em casa
ao Sol

24.2.09

Factor #3 (Sonhos)

Saem-me penas do colchão,
incomodado não consigo evitar pescar a ocasional que me toca incomodamente a epiderme como se de um enviado do raio que a parta se tratasse
perdido em pormenores como o percurso do dito invólucro de um qualquer animal que me serve de conforto em noites mais frias,
o Nova Scotia em fundo a preencher-me a musicalidade de uma noite em que admito
já me pesam os olhos
entendi que pode ser-se ao mesmo tempo estupida e imbecilmente egoísta e especial
isto porque o Mundo é efectivamente egoísta, com todas as pessoazinhas que sobre ele caminha e sim,
existirão sempre outras pessoas para catalogar tais imbecis como disse
especiais
sem que alguém lhes diga que a banalidade é feita de coisas assim, que a ausência de carácter é o maior pecado que um ser dito humano pode conter na essência a que se chama, por vezes desperdiçadamente de
alma
pondero quanto tempo sobrevive um sorriso,
quanto tempo demora uma lágrima a secar e sumir-se do seu traço,
coisas tremendamente banais e usuais em seres que somos
pondero porque não passo mais tempo a escrever que não na minha mente e porque guardo tantas mais coisas sem uma letra que seja exposta
respondo que o Mundo é egoísta e não tenho palavras que o mudem
amanhã acordarei para um Mundo pior e farei a minha parte,
não farei parte do pior
não enquanto souber sentir o que é
sonhar

17.2.09

Factor #2 ((des)Ilusão)

Há outros dias em que se acorda,
não que não se faça todos os dias à excepção dos dedicados a directas
os sonhos que nos fazem regressar a lugares que nunca existiram e onde fomos felizes a fio
as palavras iguais e os gestos,
reminiscências de coisas que nos fazem no dia em que acordamos recordar o porquê de não,
não fazer sentido e não voltar a ser
existe esta larga linha onde pessoas imensas saltam e dão pinotes na corda bamba
entre o ilusório da ideia que têm delas mesmas e dos julgamentos que fazem dos outros corre-se o risco de se estar redondamente errado no ponto que vai do início ao fim
da corda
Como quem escreve por mero gosto e está certo de que existem textos bons e maus,
notoriamente um mau
mas que nem por isso se deixa abalar porque nem todas as coisas belas do Mundo são perfeitas, nem todas são majestosas e sem apreciarmos a vida pelos seus defeitos jamais tiraremos partido das suas maiores dávidas
convencidos que estamos agora todos de que vamos viver para sempre,
talvez porque a nossa vida passa pelo hi5, pelo facebook, pelo msn e por outras esquisitóidices do tipo, essas antes evolutivas e apenas dependentes da disponibilidade ou não da tal rede,
esquecemo-nos alguns muitos de viver, de deambular pela vida de sorriso parvo,
de meter a mochila às costas como eu amanhã, depois de amanhã
a me perder por um qualquer redundante e majestoso lugar que ainda me falta decidir
lá me voltarei a encontrar como tenho encontrado aos poucos nos últimos tempos,
lá não precisarei de ninguém que não tenha realmente,
como dizia um amigo um dia
não importa onde vais,
lá estás tu!

16.2.09

Factor #1 (Redundância)

Talvez a coincidir com os seguintes factores,
céu azul, sorrisos alheios, sorriso próprio, a energia que volta aos poucos mas de certa forma galopante
tiram-se diversas conclusões em dias assim,
se é que de dias ou de noites ou das coisas com que sonho durante a noite que não são de todo da vossa competência mas talvez apenas partilháveis com duas talvez três pessoas neste Mundo que não têm nome
a vida é feita de redundâncias
tal como
o amor é feito de redundâncias
não coincidências, não destinos fatídicos e maiores que as pessoas, não
re-dun-dânnnn-ciiii-as
demonstrem-me um amor actual para o qual alguém tenha esperado e (d)esesperado,
uma prova de afecto que o tempo não tenha levado como o mar leva os castelinhos de areia e aí abro um parêntisis à minha aparentemente frustrada,
que de nada frustrada tem, acreditem-me
afirmação
entre a #1 e a #20 deste ano de belo 2009 tomei a decisão sábia de e apenas por divertimento próprio e proveito maléfico ver o que aconteceria com um simples factor,
tempo
o tal, o incontornável e inconfundível, como se outro houvesse que nos fizesse mais estragos e nos deixasse passar por mais amarguras e desafios que este
à excepção de uma tal de excepção, o tempo costuma provar aos audazes que as suas teorias têm fundamento
ao fim ao cabo o Amor, seja ele o tal Amorzinho de Loiça ou o tal do "Querida mete a antena no Canal 1" o facto é que A, I, J, D, F e mais não sei quantas outras letras estão com Z, J ou R porque não estão com S, L ou T
se no espaço de semanas e de certa forma ciclicamente assisto a este espectáculo que é a vida sentimental alheia, porque estranha L quando lhe digo que não tenho paciência
ou porque duvida L - o L - quando lhe digo que afinal a chatice não compensa, para part-times e take-aways ia à pizzaria ou talvez ao senhor Chang do restaurante Tailandês por antes uma boa Masala
não é uma ofensa, mas o Amorzinho Descartável chateia-me do alto dos meus vinte e sete vividos anos, como me aborrecem as guerrinhas de bonecas, as parvoíces de meninas pequenas feitas grandes e os deambulares de pequenez que encontro em sem-número de almas
para o amorzinho part-time terei sempre a filosofia de que posso deixar os jeans no chão do quarto e que a almofada é minha e só minha,
que os hotéis onde existem dois quartos são para em cada um dormir uma pessoa,
a noite anterior não existe no dia seguinte e assim por diante
aos amorzinhos de loiça, esses que existem em fila numa qualquer estante imaginária para a qual muito raramente olho, devoto-lhes a mesma importância que aos redundantes Amores a que assisto,
ausente de olhar invejoso ou pensamentos destrutivos desejo sim que seja desta que acertam naquilo a que não me dou ao tempo,
à vontade,
ou convenhamos às pessoas
de acertar!

10.2.09

Whiskazinho!

Ontem detive-me a delinear umas letras para um dos meus Amigos,
o músico
certo que lhe darão uma ponta de inspiração para começar a trabalhar em algo por ali me fiquei eram umas quantas e tais da madrugada e já fazia contas às horas de dormir que diz-se
os aviões não esperam por nós,
como certas coisas, a vida e os seus circunstancialismos
tal como as sombras também as pessoas e a vida se move, não se mantendo no mesmo lugar por muito tempo
ultimamente o dito do cibernético a entediar-me com as pessoazinhas que me aborreceram a dada altura continuo a dizer
é a melhor forma que tenho para falar com os meus verdadeiros e bons amigos
gosto de saber que inspiro até pessoas que se fazem indiferentes,
levando-as a delinear a próxima redundância como se delas se tratasse
sem que para isso paguem direitos de autor ou sequer se comportem como gente digna,
adiante
entre os olhos pousados num qualquer mapa e meio livro que li nos entretantos de hoje,
talvez seja efectivamente o verdadeiro eremita urbano
sem pedir licenças a ninguém nem os tais ais e uis de com licença que se faz favor que gosto muito de si e saudades com whiskas saquetas
convenhamos que pode parecer ao primeiro olhar que levo a vida sedentária
sem que para isso façam contas a 27 anos mais vividos que gente que se diz vivida, corrida à vida e "grandes malucos"
de grandes malucos diria eu que nem me proponho a comentar do meu percurso
ou o de ninguém, para o mesmo efeito
o porquê de serem tantas e tais da madrugada e estar apenas e somente para os amigos?
porque entre nós e sorrisos sacanas sabemos
queres whiskas?
vai à loja

8.2.09

"Open Your Eyes"

A cada dia adormecemos para no dia seguinte, esperemos, acordar
como se de um botão de reset se tratasse, a cada dia o abrir dos olhos
o expirar forte a assegurar-me que estou vivo e o inspirar sereno de me obrigar a iniciar um novo dia
acabado de chegar daquela terra que é tão minha
onde pudera quem não
por momentos espreitar ao que me deteve e diria sem dúvidas
ou dúvidas mil, se bem vou conhecendo os outros seres
única
vivemos neste aparentemente permanente estado de coisas que não nos iludamos
não são permanentes
onde sonhamos com o que tivemos, com o que desejamos ter
o que somos e desejamos ser
o que amámos e amamos e até
com o que sonhámos
imunes a julgamentos e preconceitos, ainda que sujeitos aos mesmos medos
aos mesmos lugares e pessoas ou essências delas
acreditaria mais nisso
essências delas somente
ao abrir os olhos ao Mundo aparenta esquecer que as pessoas são isso, essência
como aroma que nos toma no meio de um campo verdejante
terra acabada de molhar da chuva
um prato da tua comida favorita
a pele daquela pessoa
ao abrir os olhos cada dia perdem-se estas coisas para mil de nós
resta a noite para sonhar novamente com elas
resta o dia seguinte para esperar e tentar sim
restando tentar apenas sim
manter a nossa mesma imune
essência

4.2.09

Escuridão? Vai por mim!

Quando chegará o improvável dia em que deixaremos de cometer o erro de julgarmos os outros?
A dada altura desta existência ténue que chamo minha, deparei-me com o desafio de deixar de o fazer. Ou melhor, continuar a ceder ao ímpeto irresistível esse de Portuguesismo afincado que tenho de sim, julgar as pessoas por atitudes, por não fazerem pisca, por olharem para as mamas da miúda que me acompanha ou simplesmente por julgarem que porque naquele dia saí de ténis, calças de ganga e blusa de alças com o casaco do capuz sou por algum momento um qualquer desgraçado que deu à porta com a enxurrada.
Dizia a alguém que gosto de aviões mas que a vida e típicos dramas de crew que passam na galley FM me entediam de morte.
Para mim encontram-me nas páginas do The Times, The Economist ou num qualquer momento de pura renúncia em participar dos dramas de quem dormiu com quem e não quis saber. De quem deixou o namorado para ir para a cama com o senhor primeiro oficial que lhe faltam dois dentes mas consta que as três riscas na farda pagam melhor o crédito mal-parado que qualquer outra aposta que se faça.
Entediantes momentos e desafios que temos de superar num esforço titânico diário em que admito,
ignoro
para além dos bons hábitos que gosto de criar em pessoas que se me somem por entre os dedos como se algum dia destes tivesse acordado leproso - que dedos?? - acabei por tão bem como mencionei anteriormente dar-me ao trabalho de entender,
de uma capacidade de perdão do tamanho de um A340 e compreensão aos baldes, para dar e vender
se por momentos continuo a achar que não tenho jeito para boneco, espantalhinho ou ser simples e basicamente feito parvo, ao mesmo tempo creio que todos temos as nossas diferenças, medos, fantasmas e coisas parvas típicas de enfim,
gente
ao constatar que o tempo não passa disso mesmo, ao invés que tento compreendê-lo como um sem-número de oportunidades que o mesmo me dá para me melhorar, entender e progredir admito
certas coisas, certas pessoas e certas situações são permanentes
a estupidez não é uma doença, mas certamente que aparenta não ter até ao momento
cura

25.1.09

Venecia

São quase duas da madrugada
hora local de Londres, GMT, Lisboa e outros sítios que tais pelos quais guio o ritmo a que segue a minha vida
hoje GMT+1 abri os olhos e era Veneza
dizia eu desde as histórias que ouvi sempre da boca do meu pai e mãe que cidade fantástica, divina, sublime e esta manhã eu ali
o quarto veneziano em que dizia eu só o tecto faltava pintar de vermelho mas afinal branco, as cores berrantes entre o clássico de tudo e as luzes modernaças embutidas e a casa-de-banho que é de design e irrelevâncias
dormi qualquer coisinha pouca
a enfrentar o frio de uma sublime Praça de São Marcos, uma Catedral de chorar e todas as coisas que não gostei e não vou enumerar e sim, vou voltar em dias mais quentes
os pombos "cheeky" de vôos rasantes, gaivotas e pardais com lata única no Mundo
as pessoas diferentes para Italianos e a moda por todo o lado e os "cheeky looks" que povoam este país que é para mim mais que único no Mundo
a vontade de polvilhar a mente com outras coisas e da noite para o dia vamos embora
assim foi
de volta a Londra Gatwick sobram os sorrisos e as coisas que viajar nos ensina,
os distanciamentos de coisas que poderíamos levar a vida a criticar e as pessoas, pequeninas ao ponto de não terem tamanho e os cafés expresso como pequenos prazeres existenciais e as culturas que chocam sem ser de frente, como quem vai andando rua fora aos encontrões esporádicos ainda que caminhando na mesma direcção, linhas paralelas que ocasionalmente se cruzam
não encontro melhor metáfora para a vida
uma linha que com outros paralela, por vezes sim, se cruza
os olhos mais pesados que nunca e dir-te-ia que são apenas palavras e não eu,
apenas imagens e não eu,
apenas um corpo e não eu,
hoje vi os canais milenares, acordei com o cheiro de outro Mundo na minha mente, saboreei cada instante como se fosse o último, despedi-me sem dramas com um até já
somos seres que durante meros instantes são cidadãos do Mundo e o Mundo está lá fora para cada um
pisem-no
abram a merda do coração e usem-no,
mesmo que o usar seja absorver um lugar, o aroma, as pessoas e os instantes que ficam como que eternamente em nós e para nós sempre fará parte
de quem somos
nós

18.1.09

Blue Sky vs #1 Cloud

Duas da tarde
por companhia uma rockalhada tipicamente 80's-90's e o Sol que me entra pela janela a fazer esquecer que está um vento gélido lá fora
por muito que me pudesse queixar, adoro esta estranha sensação a de estar de fina tshirt dentro de casa enquanto no lugar que, esse sim chamo de casa tenho de estar encasacado a lutar contra o ar cadavérico que o frio me provoca
e é porque está frio e é porque são cinco camadas de roupa na cama e é porque o Inverno é mau e sou infeliz e vou fugir para as Caraíbas até à Primavera
não fujo
ao invés disso acabo por fugir para mais a Norte da Europa onde a chuva e o frio são uma constante e me passeio pela casa em trajes de Verão e durmo encalorado com um simples edredon que admito, seria dos mais fininhos lá para a tal casa a que chamo casa
acabado de chegar de Alicante e penso que um dia destes mudo de vida
vou trabalhar para a peixaria do senhor António, para o talho, para o mercado a vender flores ou eventualmente a oferecê-las a todas as magníficas que se apresentarem interessadas nas ditas
este fim-de-semana e os colegas a dizerem que vamos sim a Veneza porque o Carnaval vem aí, o Joe que me diz que Berlim nunca esteve melhor e Faro outra vez ali à distância de aterrar lá e pegar no sacana do León a preço de banana e vamos embora, Sevilha é já ali
diziamos nós ao fim da garrafa de whisky e da noite ainda antes de a caminho de casa, entre a tourada da Sueca e das outras duas que nunca tiveram nome porque admito que não encontro em mim a vontade para fitas ranhosas em bares e não
não me permito a erros desculpados por qualquer que seja a quantidade de substância alcoólica e afins a que me possa dar ao luxo - entenda-se maluqueira - de consumir
terminada essa noite comigo com o pescoço queimado por um cachecol - acreditem-me, dói para xuxu - e um qualquer anormal esmurrado sem ter pensado duas vezes por yours truly e não é que não fomos a Sevilla?
nem botellón nem o amigo Manuca possuído que me dizia que ao levarmos o Luís com aquele feitio ao fim de uns copos a chamar Espanhol do C....acilhas e não,
não saíamos de Sevilha com vida
exageros!
ao fim ao cabo o Paul que apenas me conheceu seis meses entendeu que sou eu próprio, livre de chatices e arrogâncias parvas que me servem de desculpa e escudinho quando estou entre os meus,
com mau feitio é certo e sabido e eles sabem-no
mas com estúpidos sorrisos permanentes e rir de doer a barriga e chorar por mais que sim, choro e de conversas até de manhã acerca delas porque são isto e aquilo mas não deixamos de as admirar, adorar, querer enfim entender e tenho dias que sim
nos dias que não calo-me e respeito a indubitavel diferença que existe entre nós
nisto o fim-de-semana ainda tarda, é certo
porém o planear coisas com antecedência é o meu fraco e não vivo em expectativas de coisas a dias de distância mas sim em coisas feitas em cima do joelho, de pancadas momentâneas e dias assim porque sim, me sabem muito melhor, me fazem vivo e de vivo só tendo a passar a morto
portanto vou vivendo,
opção própria e sábia
gostei do dia de hoje, porque os sorrisos parvos ignoram o telemóvel que recebe mensagens vindas do espaço e focam-se em coisas que aparentemente tinham desaparecido mas já disse antes
as iludências aparudem!
perdão, aparentam-se ilusórias..