30.9.07

No Mar em Volta

A uma mão de distância e com a sensação que há um vasto Oceano neste espaço intermédio.
Deleito-me com a loucura momentânea que me toma, incerto do tempo que levará a tomar-me de vez, sem que seja uma pontual visitante mas sim a casa que me abriga.

As músicas preenchem estes espaços, vês?

Rolling Stones entoam "Wild Horses" como se de ecos fosse feito todo o espaço à minha volta e a escuridão de um Domingo à noite me arrastasse numa melancolia redonda, redonda, que por mais voltas que lhe dê não encontro saída.
Á distância de uma palavra. Como se de apenas uma palavra um Mundo precisasse para se render à evidência de algo maior que talvez seja apenas ilusão - não vivemos todos tempos de ilusões?
Quem tem enfim o poder de me arrastar para onde quer que seja?
A loucura, essa que não é ninguém a não ser a tal pontual visita que abriga, não é ninguém. Pontual visita, mas ninguém. Sem rosto, sem mão, sem palavras nem coração.

Mera distracção.

Não sei quanto tempo me resta neste entretanto de silêncio arrastado em volta e de ouvidos fechados à envolvente.
Não sei se me resta tempo mais que este. Que hoje. Que amanhã ao acordar com todos os planos que tenho me atire para uma fuga incessante, inalcançável e indomável ser que se presta a tanta coisa mas que sofre tanto com a ausência de coisas tão simples.

Wild horses couldn't drag me away

Já vi tanta coisa acontecer, navegando por vezes de luzes apagadas nas noites onde o mais bréu negro se abateu sobre o navio que, por vezes nem sei para onde a bússula aponta.
Por vezes navegando de encontro aos recifes a larga vela, na esperança que de encontro à escuridão se consiga finalmente fazer luz.

Nunca acontece.

A Poesia Não Compra a Felicidade


A tosse seca que me persegue há dias.
Os pensamentos que preenchem toda e qualquer hora vazia - várias - que tenha ao longo do penoso fim-de-semana que passo enclausurado entre o mau tempo e as quatro paredes.
As conversas repetidas, repetidas, repetidas, sons repetidos, repetidos à exaustão que outrora me principiou a loucura e eu, tão desnorteado ou talvez apenas desligado não ligo, não quero saber.
Faltou a luz, felizmente antes de me propôr a escrever o que fosse e o Mundo parou a olhar para uma caixa à espera que se acendesse novamente onde vinte e dois mentecaptos perseguiam uma bola.
Mais, bem mais conseguiram estar eles os seus mais de dez minutos calados, insonoros quase ao ponto de se me ouvirem os pensamentos do ridículo a que chegámos em toda esta insensata barreira que criamos para nos distanciarmos.

Seria de prever que aos vinte e seis tivesse muito para mostrar.
Uma grande casa minha, um grande carro meu, uma grande conta bancária e uma carrada de outras grandes coisas nenhumas, mas não tenho.
Sonho ter, ambiciono ter bem como ambicionava em pequeno ser jogador do Benfica que vi hoje jogar, mas nunca tentei efectivamente.
Sem tentar não se alcança, ainda que haja tanto Mundo por aí fora que tanto tem sem tentar outra coisa que não lixarem-se uns aos outros para conseguir as tais importâncias de que se vive.

Actualmente vivo nesta ilha, de palmeiras altas que dão boa sombra durante a tarde e onde as casas grandes, tais como os carros e as merdas todas importantes que os fashions têm e mostram - que mais têm a mostrar que não coisas? - são coisas que não fazem sentido pois não são práticas. São o extremo oposto de práticas. Ridículas e despropositadas.
Vivo na eminência de ter de deixar a ilha para perseguir a tal vida. As tais coisas "importantes" para que mais tarde possa ser feliz.
Para que tenha dinheiro para sair, para me divertir, para rir várias vezes nos mais variados restaurantes e locais de consumo. Para umas férias por catálogo, para um carro confortável e sumptuoso, para comprar coisas giras à cara-metade. Para a comprar a ela, que nunca me deixe quando eu, velho, gordo e acabado a tenha como garantida pois dependerá de mim a sua subsistência.

É em tudo isto que anseio não me tornar.
Mais uma sombra, com imagem cuidada, sorriso brilhante e olhos já sem brilho a quem o tempo levou toda a alegria infantil de viver.
Uma caricatura minha, em parte semelhante mas que já não escreve por não ter tempo. Que ri de vez em quando se não exausto de tanto trabalhar para o próximo patamar que me permita comprar aquela coisa "um bocadinho melhor".
Ainda assim o dinheiro resolveria mil problemas e ter-me-ia livrado de outros.

Os poéticos diriam que o dinheiro não traz felicidade mas lá está, qual é o verdadeiro poeta que é rico e feliz?..

27.9.07

Orgulhosamente Sós


Já alguma vez te propuseste escutar o silêncio?
A ensurdecedora forma como nos apercebemos da nossa existência, pulmões que enchem e esvaziam, os ouvidos que zumbem na ausência de som, os olhos que, no mais bréu da noite nada conseguem ver, o bater do teu coração a bombear o sangue através do teu corpo?

E tu, já te propuseste ver-te à distância numa "big picture" de acontecimentos?
Ou tudo o que tiras dos dias são pensamentos e palavras alheias de quem te diz querer bem mas que conveniente é querer-te quando tudo está bem ou menos mal?

O cinismo da vida reside em primeiro lugar, na incapacidade da maioria reconhecer os seus defeitos e limitações e, em segundo, mesmo que assumindo o primeiro, entender que corre o inevitável risco de esbarrar nos defeitos e limitações não assumidas dos outros.

Somos cínicos, é verdade.
Não somos criados como seres honestos, directos, frontais. Que aceitem as ditas "críticas construtivas" ( "eu até aceito críticas, desde que construtivas.." diz-se à boca cheia).
Quem são afinal os outros para nos criticarem se nem nós perdemos um único segundo que seja num só momento silencioso a fazê-lo?

Fracos.
Preferimos perder o Mundo, a felicidade, o amor, a amizade, o quer que seja para manter erguida a pirâmide que é o nosso orgulho, tão sumptuosa como inútil que nos é em dias que passamos a vislumbrar o horizonte sem ter com quem o partilhar.
Que em dias mais frios e cinzentos vindouros, já velhos, mirrados e desinteressantes nos valerá então esse dito orgulho, gélido mármore que é na essência do nosso ser.

Ser orgulhoso em demasia é como ser jovem. Dado a ser algo estúpido, infantil e irrelevante na "big picture" que é a vida.
É perder oportunidades para tomar as atitudes correctas e grandiosas que, essas sim, perdurarão como a lenha que se mantém acesa e quente nos dias mais frios que estarão para vir.

26.9.07

A walk inside


What's the whole meaning of it?
Lately too many empty minutes..
No drink, no smoke surrounding my body.
I woke up sick today, felt it as I was sleeping and wanted to be somewhere else other than in me.
Where was I for a moment?
All these conversations in between, who am I?
Why do I expect anything at all?
I've been ceasing to expect, ceasing to wait.
It somehow feels such a waste.
Vague.
Where am I?
I've been avoiding all these empty people, all those empty conversations. Empty thoughts, empty moments, such a waste.
I waste my own moments without the help of others.
Wish I was wasting them better right now..
I feel so tired. Still feeling sick is putting me down.
I'll be going now... wherever!

25.9.07

A Breeze and An Open Mind



Damn, you gotta love this one..!

Ironias


Quantas vezes nos fazem perguntas pertinentes que simultâneamente nos façam dar a conhecer os nossos mais íntimos medos/desejos/sentimentos/pensamentos como, ao mesmo tempo, nos permitem a nós mesmos responder a coisas em que pensamos mas que raramente nos perguntamos?

Fosse este Mundo efectivamente inspirador e todas as pessoas seriam como personagens de um filme de Tarantino que fazem da filosofia quotidiana um preenchimento para as horas posteriores.

Tentei dar voltas à cabeça para encontrar a última pessoa que me intrigou com uma ou mais questões do género..

Suspiro de tédio de cada vez que sou arrastado para uma conversa vazia, sem nexo.
Hoje tocou o telefone. Fim da tarde, o meu "irmão".
O tal emigrante, pouco dado a uma existência linear e comodista, convidava-me para me fazer aparecer na minha própria zona, na minha própria casa. Não necessariamente agora, mas brevemente.
Acedi.
Melhor ainda, já tinha acedido ainda antes do telefone ter tocado, ainda antes do dia de hoje - há coisas que são efectivamente convenientes nesta vida.

Tive um princípio de urticária a meio da tarde.
Há mais de 10 anos que não tinha uma coisa assim à excepção de uma tarde com a Carina - porquê sempre a meio de uma tarde? - quando levei as mãos talvez com alguma seiva de uma árvore que me detesta ao pescoço e, surpresa, inferno na epiderme.
Hoje foi semelhante mas à excepção da situação anterior que descrevo, esta não passou logo após ter passado a zona irritada com água.
Não, esta fez-me entrar no carro e ir a caminho da farmácia e posteriormente a meio caminho do hospital - onde acabei por não ir por ter entretanto voltado ao "normal" (uma palavra muito abrangente no meu caso).

Onde reside a ironia?
No facto de ontem mesmo ter tido a conversa da urticária com a minha mãe.
Fascinante, a ironia da vida.

A mesma ironia que me leva por vezes a perguntar onde andam os parasitas.
Aquelas pessoas que se lembrarão de nós assim que precisem. Assim que sejamos úteis para alguma das suas medíocres questões de vida ou assim que se sintam sós e não haja mais ninguém por perto.
Ironia da vida neste aspecto é dizer-vos que se f**** nas entrelinhas ou mesmo fora delas, preferindo a companhia das algas do mar à vossa.

Ironias..



(Muse - Blackout)

24.9.07

About Love

Muito se escreve e se diz acerca da grande palavra que dá ritmo à existência da maioria das pessoas do Mundo.
A arte, dir-se-ia, é a expressão das emoções e nenhuma outra está tão retratada na mesma como o amor. Música, Cinema, Fotografia, Literatura, Pintura, Escultura remetem-nos para o que "n" génios - ou aspirantes a génios - retrataram da dita grande palavra, do dito maior sentimento.

Porque será que nos focamos no amor como a nossa tábua de salvação?
Como se de alguma forma dependêssemos dele como do ar que respiramos para viver?

Convenhamos que pouca gente se debruça a pensar que o Amor não é apenas lindo. Não é apenas perfeito. Passarinhos nas árvores, arco-íris no céu, levitar em plena rua e memórias doces que nos acompanham para a vida toda.
Não.
O Amor é miséria. É dôr. Depois é mais dôr ainda. É escuro, feio e brutal e por vezes - inúmeras vezes - há-de comer-nos a alma e deixar-nos num sítio horrível para termos uma lenta e dolorosa morte.
O Amor há-de remeter-nos inúmeras vezes ao silêncio, à distância, à loucura e à incapacidade de ver o que há de belo em redor. Há-de fazer com que queiramos desistir, deixar de acreditar, matar a esperança.

Amar dizem todos já ter feito, dizem todos já ter provado.
Amar não é levitar no chão. Não são os tais passarinhos.
Amar é querer alguém mais que a nós mesmo quando não mereçam. Mesmo quando estejam errados. Mesmo quando nos tenham feito passar por um inferno.
Amar é ser a luz no mais escuro dos lugares e nunca mas nunca deixar que ela se apague.

23.9.07

Por Entre Pensamentos


Que horas são?..
Abre os olhos.
Tenho que arrumar isto.
Tenho sede, mas só ter que ir buscar uma garrafa de água lá abaixo..
Talvez o meu pior post de sempre.
Tenho sono.
Não sei de ninguém, às vezes parece que nem de mim.
Quem me dera estar de volta à praia.
Surfar.
Areia, pés descalços, água fresca. Gosto a água salgada na boca, água doce é vital. Fresca.
..sorrio..
Quem sou eu?
Quem és tu?
A quem interessa?..

22.9.07

Algures Lá Fora


Algures lá fora o Mundo, as pessoas.
Algures onde apenas céu como tecto e estrelas a iluminar, existe um outro eu só teu, um tu só meu, mais alto a brilhar.
Algures onde possamos ser maiores, melhores. Persistentes seres, incolores, algures lá fora não teremos mais medos, temores.
Lá fora perto do vento, bem perto do mar, perto de coisas tão nossas como o interior, mesmo sem estar.
Sem palavras ou escuridão.
Sem mais nada, nem sequer um pingo de solidão.

Algures lá fora eu que me encontro.
Nas ondas do mar, nos lábios salgados, na pele queimada, na areia onde me perco.. a caminhar.

21.9.07

Swimming In a Sea of Mediocrity

Sexta-feira.


Como tantas outras sextas-feiras, estou "stuck" em casa.
Não porque me falte vontade de sair - ainda que esteja ensonado, cansado - mas sim porque os ditos amigos que tenho nesta zona do globo são provavelmente uma nulidade plena no que se refere à capacidade de dispender tempo com as pessoas.

"It's ok", penso eu com um sorriso sarcástico sabendo que há sítios outros onde sou outro eu e onde a distância parece tal que poderia-se dizer que nem falamos da mesma vida ou da mesma pessoa.
A cada hora que passo neste pequeno e entediante lugar onde me esquecem e pareço eu mesmo por vezes querer-me esquecer, cultiva-se um mau modus vivendis e parece que à minha vida vêm parar pessoas de duas ou três faces, abusadoras, em tentativas manipuladoras e vãs de levar algo - nunca sabendo certamente o quê - de mim.

Não tenho uma dita memória de elefante, mas sou óptimo a estabelecer paralelos no que respeita às pessoas.
Lembrar-me do que me disseram, do que me fizeram, do que prometem fazer em dada altura e de todas as atitudes de merda que têm. Seria capaz de fazer uma infindável lista acerca dos seus defeitos e, melhor ainda, uma igualmente infindável lista dos meus.

Aos que nos querem bem, que estejam sempre por perto. Aos outros, que nos esqueçam, que das nossas vidas desapareçam sem deixar rasto e que jamais se voltem, ainda que por breves momentos, a recordar a nossa existência!

..oh, and I'm still smiling! :-)

20.9.07

Outside vs. Inside


Começando por ontem.
Quarta-feira. Sol no Oeste, um dia relativamente perfeito e quente a fazer esquecer que estamos já na proximidade do fim de Setembro.
Ontem uma prancha diferente. Mais curta, menos estável, uma desgraça.
Dropinado "n" vezes com ondas que metiam medo aos mais destemidos aprendizes de surfistas e os fazia ficar muito no inside, lá acabei por me arriscar umas três longas horas no outside apenas com uma paragem para recuperar o braço esquerdo que me matava de dores e, enfim, porque não, admirar "a menina do cãozinho" - uma qualquer beldade que pelas proximidades se passeava com um hábito hilariante de pegar o seu pequeno cão preto pelo cachaço e cauda e dar-lhe banho de mar!!
Meio recuperado o braço - complicado "pedal, pedaaal" quando temos dores de morte e falta de força num braço, e complicado o stand-up para um maneta!!! - lá me fiz novamente às vagas altas de fim de tarde para ser dropinado mais umas quantas vezes e ter saído com o saldo algo negativo de talvez uns 15 dropinanços vs. meia-dúzia de ondas relativamente mal surfadas.

Saldo do dia, portanto?

Frustrante, cansativo, em parte uma guerra constante para sair para o outside e não ser "engolido" pelas vagas que quebravam cedo e forte demais na maioria, mas sem dúvida útil e hoje seria sempre de esperar uma folga para recuperar o braço.
Sendo assim vim até casa!

Finita a surfada ontem, a correr até casa e uma mensagem para um lanchinho ou algo mais tarde.
Lanchinhos ao pôr-do-sol no bar da praia ainda para mais em fim de dia nublado têm algo de imensamente apelativo, pelo que não pude resistir a combinar o fim de tarde.
A companhia foi o que se esperava - "do best" e não sei se aquela sandes que pedimos não me terá deixado quase a morrer mais para o fim da noite.

Já atrasado - eram 20h45, havia combinado encontro com o pessoal para as 20h30 - meti-me no carro e fui direito a casa buscar um pack de jolas para o BBQ em casa do Nelson.
Chegado lá, parecia que a Alemanha tinha invadido Portugal.
Umas vinte e cinco, trinta pessoas no jardim e a comida ainda a santos.
Entre eles só conhecia os meus já "conhecidos amigos" Suíços e uma frita Austríaca que hoje chegámos à conclusão só com um mata-moscas se aturaria..
Depois de muita cerveja, muita comida - consegui impingir a minha "share" de sardinha no pão ao Jacob, um Alemão adepto do peixinho - e tratar de me ficar pelas espetadas e salsichas frescas, com a obra de arte que são as saladas e acompanhamentos dos meus amigos Suíços - BRUTAIS!!

Finito o jantar, os Alemães puseram-se todos a andar para a festa no Surfcamp e deixaram-nos - aos três Tugas, aos Suíços, Austríaca e dois Alemães porreiros - a arrumar as coisas sem sequer dizerem nada.
Má onda..

Já na festa, fartámo-nos de rir e havia quem estivesse mais para lá do que para cá.
Já exausto e sem vontade de beber mais, fiz-me ao caminho de casa - diga-se 50m - atirei-me para a cama e acordei hoje, bem cedo para arrumar tudo, ir à surfshop falar com o Nelson - onde discutimos uma possibilidade muuuuy interessante - e depois de uma voltinha calma de carro aqui estou eu, de volta a casa muito temporariamente, ao que parece!

No surfing today, but still smiling!

19.9.07

Vendetta

São 14:32 de uma quarta-feira ensolarada no Oeste.
O despertador tentou-me erguer por volta das 10:00 mas convenci-o a deixar-me ficar na ronha para curar os ainda doridos braços e a aparente falta de força que tinha nos membros após dias e dias seguidos de abuso.

Ontem à noite dei por mim a divagar.
A conduzir até à beira da praia onde dei mais uma caminhada. Eram onze da noite.
Se dependesse de mim, estaria sempre sorridente e bem-disposto (como aliás tenho estado 98% do tempo), mas há coisas que me custam demasiado a engolir e por vezes torna-se tão fácil ceder àquele lado mais embirrante e sombrio que por vezes me tenta tomar.

Não quero saber.
Não darei mais importância, porque se há algo que nos ajuda a mudar são as situações desagradáveis pelas quais nos fazem passar.

I'm not dead inside.

Sem mais que te diga, porque guardo todas as restantes palavras para mim, vou ficar por este cantinho onde dá para ver o céu e o topo das árvores a balançar ao vento. Vou dentro de pouco voltar a sentir o gosto da água salgada e ali mesmo afogar silenciosamente aquela parte de mim que não tem mais por que persistir.

..não deixa de estar um dia perfeito, não deixo de estar sorridente!

18.9.07

'spectivo

Dropinado três vezes, faltou-me a força no braço esquerdo, estava sem "grip" porque me esqueci do maldito wax.
O mar picadinho, apinhado de gente e de otários que se metem na "rota de colisão" e os quais ia demovendo com os meus "foda-se..", a casa vazia para ouvir os meus pensamentos, fazer algo bom para jantar e mimar-me assim e, mais ao serão, ver um filme na minha companhia, como fiz na noite passada.

Amanhã uma última surfada - duas aliás, uma de manhã e outra ao fim da tarde - e um barbeque à noite em casa do Nelson provavelmente na companhia de uns quaisquer estranjas surfers que para lá hão-de aparecer.

Ainda não me decidi, não.
Bem passeio na praia, bem olho para o mar, bem entro na água e miro o horizonte, bem fecho os olhos e me sinto no meio da ondulação que passa, mas a única resposta - e que resposta - que encontro é a de que tenho a certeza de estar vivo.

Ontem antes de ir dormir vi a biografia da Maria Callas na 2.
Uma Diva que morre só, desgostosa de amor e já mencionei só?
O Mundo tem crueldades assim, onde as pessoas grandes são usadas pelas outras e mais tardes deixadas numa prateleira onde foram esquecidas.

Falamos depois!
( O Benfica vai jogar e ainda não se jantou por aqui.. )

Windy Shore

Terça-feira.

10 da manhã e desperta o telefone.
"I sit and wait.." e abro os olhos.
Tenho os braços doridos, ainda que não em demasia no sentido de me impedirem de ir à água hoje, mas ao mesmo tempo aqui estou sozinho sem me chatear com muita coisa e certamente sem me preocupar com as pessoas que me falham no sentido de me "prometerem" o quer que seja.
Os amigos que "..pah, eu digo-te qualquer coisa.." em dia X mas já o dia X passou há dias e dias. As desculpas mais velhas do livro para quem não tem a capacidade de, talvez deselegantemente como eu mesmo costumo fazer, dizer que não lhe apeteceu dizer nada ou que não quer mais conversas comigo.

Quando mais novinho - e não foi assim há tanto tempo - tinha o péssimo hábito de fugir das situações e das pessoas, evitando os confrontos e tudo o que me fosse desagradável. Escudava-me mil vezes procurando refúgio em pessoas ainda menos fiáveis, menos verdadeiras, menos pessoas.

Sabes que mais?
Hoje estou sozinho até à tarde, hora alguma em que me vou fazer à água e me encontrarei com mais alguns dos malucos de ontem enquanto fazemos por arriscar o pescoço uns dos outros - bem, mais uns que outros - e nesse momento sei que terei os meus preciosos minutos sentado em cima de uma prancha quando, ao fechar os olhos, sentir o vento que percorre a superfície do mar, com o qual me tenho identificado tanto ultimamente.

Hoje não preciso de ninguém, não quero ninguém, não desejo ninguém.
Não busco compreensão, não busco entendimento, não persigo algo que me transcenda - são tudo coisas que não se buscam. Ou estão lá algures ou não estão de todo porque talvez nunca tenham tido alicerces para estar.

Irónico no fim de tudo talvez seja o facto de, independentemente de a dada altura ter procurado os meus amigos, convidando-os até para virem passar uns dias comigo aqui à praia, nem um se ter disponibilizado para tal, sendo que com já mais de 24 horas de atraso ainda "espero" - sem esperar de todo - uma resposta ao convite já feito há dias atrás.

Cada vez mais distante, mais no outside, vou procurar cada vez menos as pessoas que me colocarem à distância.
Todos os esforços serão proporcionais aos feitos pelos ditos alheios e assim, talvez assim não tenha mais de me preocupar de todo com todas as atitudes que considero injustas da parte de pessoas que dizem ser tanto, importar-se tanto e, em dada medida, fazem tão pouco ou nada!

Take care, my so-called... friends! ;)

"No regrets, they don't work"

17.9.07

Lunes, hoy!

Há algo de especial numa segunda-feira nublada.
A possibilidade de estarmos com meia-dúzia de outros "gatos" - não interpretar pelo sentido brasileiro mas sim pela expressão gatos pingados - à espera de um set de ondas que hoje prometiam chegar aos 3,1m!!!
Exacto, dessas ditas ondas nem mais nem menos, lá aparecia qualquer coisa fraquinha mas gira com que fazer algo.
"Una chica" que estava naquele pequeno grupo tinha a tendência de se posicionar demasiado perto de mim o que deu em várias ondas falhadas por mim - para não lhe dar uma pazada (no mau sentido!!) - e numa tentativa fabulástica de surfarmos a mesma onda a uns 15cm um do outro, com ela num misto de pânico-adrenalina pela situação e eu com um riso imenso porque me senti em pleno domínio daquela coisinha de fibra que me estava a fazer de "chão". Sorte dos dois, ela apanhava as ondas apenas para se colocar em pé sem virar para qualquer lado que fosse..
A última onda da tarde foi com a chica mais uma vez a atirar-se fortemente para a minha frente sem dar espaço para manobrar nada, as nossas pranchas chocaram e quando emergimos rimo-nos os dois e desfiz-me em desculpas apesar da notória culpa dela..

Agora é de noite, vem a seca pois não está cá ninguém com quem sair e não ando dado a simpatias com estranhas que conheço pelo Oceano fora..

Fica para a próxima e não, ainda não foi hoje que dei à costa a boiar! :)

Domingos à Tarde

Domingo e fim de tarde.

Aproximadamente sessenta criaturas de molho estavam no outside à espera de um set que demorava entre 10 a 15 minutos a chegar.

Ao meu lado o Pena, bodyboarder ainda não rendido ao Surf - tenho pouco equilíbrio, diz ele, e digo eu que quando ele o experimentar não quer outra coisa - que conheço há coisa de duas semanas e agora sempre que pode lá faz parte daquela "tasca" que é o outside da baía na companhia de mais outros cinquenta e oito marmanjos dos 10 aos 70 anos - efectivamente havia um surfista com aproximadamente essa idade - que fazem os possíveis para não se decapitarem uns aos outros quando chega o set.
Na memória de ontem, domingo, fica o gajo do "quec quec quec" ou patinho - um bom nickname para um surfista - dado que o dito rapaz ao cortar as ondas avisa da sua proximidade com o dito som assemelhado ao grasnar de um pato asmático.

Entre conversas do rir lá trocámos dissertações acerca das melhores ondas, das melhores manobras, de quem mais dominava ali na zona e na diferença entre as ondas na zona periférica em que estávamos e a zona "forte" onde só alguns tipos já muito batidos - e que eram constantemente batidos e feitos fantoches pelas ondaças - se aventuravam.

O fim de tarde chegou, com o sol a pôr-se a temperatura a descer.
Dentro de água o bom ambiente continuava com algum pessoal a juntar-se a nós na risota aos comentários sarcásticos às ideias de ter um barquinho a vender cerveja a crédito em plena água ou uns petiscos dada a larga demora pelo próximo set.

Hoje é segunda-feira. O tempo está uma bela porcaria e a época balnear terminou ontem, pelo que será de esperar que apenas os maluquinhos e maluquinhas das ondas se encontrem na praia.
Ontem o Baleal Pro Júnior no Lagido deu para uma boa ideia do que são putos até 20 anos a surfar quando o praticam intensivamente. Não tem nada a ver com nada, porque o Surf de competição é como comparar o Hawaii com Lagos para surfar! :-)

Amanhã há mais - escrita - porque algo me chama.
Fiquem bem & Enjoy!

14.9.07

BLL.pt


Cheguei pelas 16,
O dia estava cinzento ainda que abafado.
Á porta esperavam-me as memórias da semana passada, sorridentes e ansiosas por se repetirem em parâmetros diferentes.
Larguei as tralhas na entrada, fechei a porta e dirigi-me à praia e ao bar que em cima dela fica. Pedi um café e uma água.
No mar, três tipos tentavam apanhar umas poucas e fracas espumas sem que na minha mente os repreendesse. Certamente que não me faria à água, mas entendia a vontade deles em passar o fim de tarde na companhia das pequenas ondas.
Ao saborear lentamente o meu café apenas na minha companhia e dos outros solitários que me rodeavam, não resisti ao ímpeto de rapidamente o terminar e ir mais uma vez sentir na pele a gélida água.
Surpresa, não estava gélida mas sim quente. Quente como se numa qualquer praia Algarvia, como se numa zona del Caribe - das Caraíbas, armado em engraçado - me encontrasse não fôra pelo pequeno pormenor de pelo facto de ser hoje uma sexta-feira de clima envergonhado, apenas eu e aqueles três tipos de prancha nos encontrarmos na praia.
Dirigi-me a casa e parei num spot já meu conhecido.
Convidaram-me para ir à água amanhã à tarde, o que aceitei sem pensar duas vezes.
Hoje fui apenas um solitário de pés molhados, amanhã um indivíduo completo de corpo encharcado.
Hoje sou livre. Amanhã também..

Our Love


Just like we told y'a
our love is better than their love
we can make you famous
why don't you come and join us?

You don’t need anyone to know
that you exist
you don’t want anyone to know
you can’t resist

All this time
All those breaths
All this hanging around
All these hopes
All these fears
All this, all this

Our love is better than their love
we could give you more love
just not enough of
this thing called love, Love

Do you believe that love will make
everything alright?
Do you believe stars disappear
when it gets light?

All these dreams
All these lies
All that sleeping around
More receptions
Empty rooms
All this
All this

Our love is better than their love
We can make you famous
Why don’t you come and join us
Why don’t you come and join us
Why don’t you come and join us

Aren’t we cruel
isn’t it all so cruel
the things we do with love
and the things we do without love

You don’t need anyone to know
that you exist
you don’t want anyone to know
you can’t resist

Just like we told ya
our love is better than their love
we can make you famous

Why don’t you come and join us
Why don’t you come and join us
Why don’t you come and join us
Why don’t you come and join us
Why don’t you come and join us

You want love you got it
You got love you want it

A Seguir



Agarrei o tempo como se por algum momento ele não fôra meu.
Sempre foi, lamento se por algum motivo isso me torna menos perfeito a olhos alheios, a sentimentos alheios, a pensamentos alheios, a atitudes alheias e, em suma, a tudo o que me é alheio - tudo o que não sou de alguma forma eu.
Sempre ouvi dizer que as atitudes ficam com quem as pratica, como se isso de alguma forma colocasse nexo e justiça no Universo por um momento que fosse - não coloca.
E a nós que por aqui passamos tão brevemente, resta-nos simplesmente aceitar os factos como nos são colocados, à partida sem esperar nada que não devamos esperar, sem sentir nada que não devamos sentir e, claro está, vivendo aparentemente alheios a tudo o resto.
É fácil seguir, porque seguir é o único caminho até que seja interrompido.
O tempo, esse, escapa-nos a todo o momento e bem o podemos tentar agarrar - e tantas vezes agarrei, tanto quanto o faço hoje - mas a verdade é que é a seguir que a vida nos consome, por vezes nos amargura, por vezes nos surpreende e, por vezes nos faz sorrir.
O que virá a seguir não sei nem me proponho a adivinhar.
Diria "O que eu quiser!" se as coisas fossem tão lineares e assim tão sem-graça como por vezes podem ser mas a questão é que não sei o que virá, mas algo bom, certamente. Já o dizia a Madame ao Ambrósio, e a verdade é que passados 20 anos eles ainda andam naquilo e ela sem um pingo de celulite ou gordura acumulada.. vá-se lá entender!

12.9.07

Fly Me to the Moon



Enquanto a alguém faltar palavras, pode estar sempre certo que existirão milhentas músicas por esse Mundo fora que digam tudo o que não conseguem ou podem dizer.

Cada Lugar Teu


Impresso em cada momento estamos nós.
Em cada olhar, cada som que nos sai e atravessa um espaço, quer encontre alguém pelo caminho ou apenas se esbata na parede.
Em cada sorriso ao vento lançado, o passado não regressa nem no-lo traz, se bem que deveria ser obrigado a tal.
Em cada momento nós, mesmo que nós sós, sem quem nos abrace e nos entenda.
Sem que por vários, imensos inúmeros momentos incompreendidos e por vezes, porque não, aparentemente vazios?
Lágrimas que não se choram na frente de ninguém, palavras não escutadas por outrém, olhares tristes pousados nunca vislumbrados.
E porquê?
Porque assim o somos, todos flipados!

Bem-vindos ao meu novo blogue, espero que estejam à altura..

;)