22.8.09

"Dias Atlânticos"

Tenho o rádio do carro ligado,
algures por uma estrada de terra batida que percorre a linha de Costa
entre o próximo tune que se faz passar pelos ouvidos e o Sol já a precipitar-se sobre a linha do horizonte
eu e os meus putos e o carro atravancado de pranchas, fatos, toalhas e muito pouco mais de que é feita a felicidade
chegados à beira-mar ou beira-praia conforme entenderem
altura de mudar todo o gear para um lugar onde o pico de onda se faça sentir mais que no resto
encontrámos
depois de vestidos os fatos e feito o aquecimento célere de quem tem ganas de sentir a água na pele,
o contacto dos pés com a água gelada e a certeza que de nenhuma outra forma seria possível permanecer tanta hora, tanta tentativa, até à próxima e à seguinte
porra que está fria
mas nunca está,
se aquecida com a nossa vontade, com a nossa paixão e a simples porém duradoura felicidade de gente que como nós aprende assim a ser mais simples,
serena
diria até feliz
se a vida são dois dias, que passe um deles no mar a surfar..

20.8.09

"It's Another Sunset We'll Never Share"

It's another sunset we'll never share,
4h32 am says the clock and I've seen your eyes more than once around this block
though the day is gone, the night has come and it's now done I'm sure
I can miss you no matter what comes


Mesmo que sem nome e sem lugar,
por noites que sejam elas de bréu ou mesmo luar aqui me prendo à alma
dos lugares e pessoas que passam como mero teatro pelos meus olhos sinto porém assim,
as coisas que resumidamente nunca escrevi
o copo na mão e amigos presentes como se nunca, mas nunca estivéssemos ausentes
e porém assim estamos como se a janela sempre aberta e a fresta de ar
eu por ocasionais vezes a dar por mim assim,
a esperar
nem sei se por ti, se por mim, se por mero lugar,
comum ou sei lá, ter algo com que sonhar
depois lá me lembro, a um lugar a que me prendo, que palavras são meras elas sem peso
sem nada que mover, nem montanhas nem um lugar para dar lugar a novo ser
pois se nunca fôra nunca será,
se algum dia me libertar, afinal o que restará?
portanto assim, de sorriso posto me movo, de lugar em lugar algum me comovo por vezes assim,
em noites que tais
há sorrisos no Mundo
mas nunca iguais

13.8.09

"Mi Piace"

"Mi piace la luna, li cose belle e tutti li sonrisi dil Mondo"
E por vezes possa parecer que afinal não,
que feito homem de lata a caminho da Terra de Oz não bate afinal sob o meu peito que, presumo eu
como o vosso
feito de camada de pele, carne e osso,
se esconde quase intocável do Mundo que se adivinha lá fora cada vez que se pula da cama e os olhos se esbatem no próximo sorriso alheio que deixa adivinhar chatice, problema ou qualquer outra desculpa miserável para não ser feliz
como aparências iludem, não é este o caso de yours truly and dearly darlingly me
nem tem de ser, pois casos são para polícia e para médico seguir,
sendo que sem ambição alguma de ser o primeiro e curiosidade quanto ao segundo,
deleito-me antes em ignorar essas coisas parvas que se possam pensar por breves momentos com base em qualquer falácia que por aí se arranja
é verdade,
apenas porque todos os dias me deparo com a solidão real ou articulada de quem vou conhecendo, dos olhares que por aí andam e pelas pessoas que irrealmente acreditam que desta é que vai ser,
como se não houvesse uma tal de Sazonalidade até para estas coisas
a mim Me piace senere come sei à distância que tiver de ser,
da pele que gélida se embrulhou na água do Atlântico, do sorriso rasgado com a minha nova princesa de quatro patas, dos céus do Verão e dos sorrisos das desconhecidas que ignoro na minha petulante forma de fingir não existir,
na expectativa do que se avizinha e dos amigos que fazem da praia aquele bocadinho ainda melhor, mesmo que por meio de pequenos-almoços mais demorados do que planeio e de ter que reler o mesmo jornal duas vezes
tudo isto vale a pena pois é dito,
a alma não é efectivamente pequena
a vós todos um fantástico Verão cheio de paixões físicas e espirituais,
de lugares mágicos e noites encantadas, manhãs leves e relaxadas e tardes preenchidas por sorrisos mil
a mim o mesmo,
sem dúvida!

3.8.09

Coisas Simples


Estes dias mudam-me
como se me tornassem mais menino e fizessem crer que o Verão vai desta feita durar para sempre,
que podemos estar descalços de madrugada à beira de um bar que fica ali mesmo,
à beira do mar
a lua pendurada no céu com uma ligeira neblina,
as caipiroskas que não se apagam,
contamos mais umas quantas coisas e rimos de chorar e esqueço-me que afinal o tempo passou
olho ao fim da tarde para o canto onde diz que um dia tinha quatro anos e me apaixonei para nunca mais a ver ou rever,
a água que passou por baixo da ponte e ainda respiro o mesmo ar, piso as mesmas areias e acredito que mesmo os lugares onde fomos um dia extremamente felizes mudam com o tempo,
ligeiramente como as linhas no rosto e os cabelos brancos,
por vezes para uma versão diferente e tão boa da realidade quanto a anterior
a dureza de tudo isto passa pela forma célere como o tempo, esse ranhoso, passa por estes dias e se precipita até ao fim do frágil Verão
os três e os quatro dias de bochecho que me sabem a mil esbatem-se na lentidão destes cinco a seis que passo em lugares menos aprazíveis, com pessoas menos genuínas, na ausência do Sol, da pele morena de Verão e de coisas simples mas tão boas
resta-me Setembro que promete ser polvilhado de emoções,
a mais um passo de mudar tudo na vida que segue enfim os caminhos a que me proponho para essa coisa tão badalada,
uma existência feita de mais entretantos assim, memoráveis e divertidos
que nos encha a alma com positivismo e sorrisos,
mais uma oportunidade para nos preencher ao virar da página

ps. Obrigado aos amigos que perduram a fazer a diferença!