30.11.09

Nota (mental)

Nota mental: Deixar o tinto Chileno. Aproveitar o Inverno a fazer tricot, adoptar um gato não whiskas mas Mister Whiskers. Meter no caixote do lixo a ideia de tricotar e optar por uma coisa bem menos feminina. Apoiar mais o Benfica portanto. Até as camadas jovens e o Saca nos campeonatos de Surf fluvial.
Deixar de falar às suecas, demasiado organizadas. Deixar de falar às Polacas, demasiado sedutoras. Deixar de falar às Portuguesas, demasiado isoladas num canto Europeu. Criar analogias com coisas bem mais masculinas. Cantos só são úteis no futebol e mesmo assim raramente. Comprar uma guitarra eléctrica para aqui e um livro de blues.
Rifar a televisão, noventa e nove em cem canais e de enxurrada.
Ouvir mais a nova colecção musical.
Dormir mais e mais cedo, deixar as insónias.
Definitivamente, deixar o tinto Chileno!

29.11.09

Nada (ou nado eu)

Juro que tinha algo para escrever,
a meio de uma tal de garrafa de Chileno que poisara na mesa da minha mais recente sala
segundos antes de ouvir cair a chuva no vidro do tecto que faz entrar luz nesta casa Londrina ou sub-londrina
as you will
diria eu que sem coisas deprimentes para escrever (desculpa querida, não fiquei simplesmente indiferente) estava em crer que sim
um dia escreveria toda a verdade com todos os nomes e todos os pontos nos i's
que admitiria não entender, não perceber
os refúgios em que se colocam certas pessoas que admito, gostava e não esqueci
tanto que gosto mesmo sem saber de ti
e no meio destas coisas tantas que aconteceram entre 365 dias ou mais que se revolveram entre uma tshirt e um casaco num dia gélido e as conversas de chacha que foram ditas e admito que nunca to disse mas sim,
porra que gostava mesmo de ti

e agora se por outrém enfatuada que te dê algo mais, melhor
eu feliz
não estou em crer que todas as pessoas sejam a pessoa certa para outra pessoa
longe de mim presumir com todas as limitações que a condição humana me impõe,
desde as vontades ao coração, da alma instável ao toque da minha mão
e não,
talvez nunca fosse nem tivesse sido mas entende,
na alma só existe uma côr e um sentido, uma vibração
ausente dessas parvoíces que se prendem com as whiskas saquetas que toda a mediocridade te fará convencida de que são o cerne que importa
la créme de la créme
mas não são,
quanto a mim desisti de levar os dias à espera de uma surpresa,
de um texto dirigido a mim, de uma carta, de um telefonema ou do quer que fosse que me prendesse a algo que talvez apenas miragem,
não desisti, apenas me desprendi, soltei por bem dizer não que estivesse acorrentado mas convenhamos
quanto tempo se deve enfim na vida perder em busca de algo que não nos diz afinal
nada?

4.11.09

De quê?

Vão as horas com o que quer as leve,
o rosto pesado devoto à gravidade e o sorriso que parece já ter adormecido do sobreuso a que se lhe deu sem que por aí além tenha sido bem empregue
lembras-te da última vez?
e somem-se os pássaros que ainda dormem nas árvores que avisto da minha janela,
que árvores se apenas prédios em tijoleira, as janelas sem vida e o Sol que segue o rasto do topo,
seguem-se momentos de total e inútil interrogação,
porque me dói se não a tenho
e a alma a relembrar-me que afinal nem sobre tudo o tempo passa,
se me perco em olhares cinzentos e fotografias que o Sol queimou então quem sou afinal,
quem és tu e nós,
que não vivemos nem de fotos nem imagens que surgem em Mundos opostos
quem é que afinal me diz que valeu a pena um só momento,
se não me souberem dizer afinal de que linhas é feito e só feito
um coração