8.2.09

"Open Your Eyes"

A cada dia adormecemos para no dia seguinte, esperemos, acordar
como se de um botão de reset se tratasse, a cada dia o abrir dos olhos
o expirar forte a assegurar-me que estou vivo e o inspirar sereno de me obrigar a iniciar um novo dia
acabado de chegar daquela terra que é tão minha
onde pudera quem não
por momentos espreitar ao que me deteve e diria sem dúvidas
ou dúvidas mil, se bem vou conhecendo os outros seres
única
vivemos neste aparentemente permanente estado de coisas que não nos iludamos
não são permanentes
onde sonhamos com o que tivemos, com o que desejamos ter
o que somos e desejamos ser
o que amámos e amamos e até
com o que sonhámos
imunes a julgamentos e preconceitos, ainda que sujeitos aos mesmos medos
aos mesmos lugares e pessoas ou essências delas
acreditaria mais nisso
essências delas somente
ao abrir os olhos ao Mundo aparenta esquecer que as pessoas são isso, essência
como aroma que nos toma no meio de um campo verdejante
terra acabada de molhar da chuva
um prato da tua comida favorita
a pele daquela pessoa
ao abrir os olhos cada dia perdem-se estas coisas para mil de nós
resta a noite para sonhar novamente com elas
resta o dia seguinte para esperar e tentar sim
restando tentar apenas sim
manter a nossa mesma imune
essência

1 comentário:

Sandra disse...

E não é que me atrevo mesmo?!
Apaixonei-me! Pela tua simplicidade aparente, introspectiva e pertinente escrita... Especial! Não por seres melhor ou diferente mas por teres a facilidade e destreza de pôr na escrita verdadeiros momentos e sentimentos... Os teus... E me fazes sentir mera espectadora ou até menos espectadora! Desde Peniche (Baleal - Verões quentes e malucos!) até Veneza (que ainda não tenho o prazer de conhecer)através das tuas palavras recordo, sonho e faço planos. E sorrio! És um autêntico orgasmo linguístico e até lírico! Desculpa a ousadia e impertinência.
Um beijo.