26.4.09

"Callate" e Dá-me Lume

Pousei as patas novamente em Londres
nisto de vida às costas ou eu às da dita e embarcarmos num airbus como o senhor António embarca no Cacelheiro para fazer a travessia do Tejo,
pensar que ainda ontem acordei na praia, o odor ainda doce e a casa ainda meio que desarrumada mas limpa como me apeteceu tê-la,
as minhas coisas no lugar devido, outras no lugar mais proibido possível e a sensação que estava em suma
satisfeito
caminhei da porta ao carro, esses longos dez passos para aqueles longos trinta segundos que demoram a fazer a rota CSA-BDP,
entenda-se Casa - Bar da Praia
apenas com os poucos estrangeiros que se deleitam com as ondas no seu momento de pausa, o meu galão e sandes mista com o Sol (desta feita o jornal) e A Bola à mistura
não sei porque compro ocasionalmente A Bola se a "leio" em coisa de cinco minutos,
de tão enfadonha leitura que é, bem poderiam fazer para nós uma mini-Bola com notícias apenas do Benfica, dos novos cromos que vêm e dos que vão, se o Eusébio ainda come bitoques e alguém que faça uma coluna a explicar porque é que o Shéu & Amigos continuam por tais paragens
ao ser confrontado com a realidade que agora me traz directamente da minha cama no Reino Unido,
coisa que soa ao Senhor Doutor Príncipe Desencantado numa qualquer Suíte Real,
lá tive que pegar nas matrucalhas e mudar-me com relativa prontidão para a base de onde hoje, voltei a voar para aqui
daqui a pouco mais de vinte e quatro horas acordo para mandar o meu real - ou Principesco para quem estava atento - traseiro para Thessaloniki, coisa que tem o seu nome em Português mas ao qual não dou devida importância porque à excepção das miúdas parvamente giras, é ponto do Globo que não me traz qualquer ameno ao peito,
não só porque para tal vou ter que me erguer do lençol às três e coisa da madrugada como tenho que ir aturar o outro e a sua namorada e mais não sei quem, todos juntos a aturar cento e cinquenta gregos e gregas comigo a pensar que mais valia uma única onda de meio metro e um dia a lavar a casa,
na praia!

Nisto sugiro ainda que as pessoas tomem as seguintes atitudes na vida,
se têm algo a dizer que o digam, se têm algo a fazer que o façam, se não têm remorsos que sigam, se os têm que exorcizem os seus demónios e que se estão apenas para chatear, canalizem a energia para a mãezinha, paizinho e o diverso agregado familiar

Estou feliz, estupida e parvamente feliz de simplicidades
não estou apaixonado senão pela vida, pela energia positiva que tenho em mim e pelo Mundo que me continua a oferecer momentos Kodac quando mais preciso
fiquei a saber que vou morrer muito velho e que tenho muito mais de mim para dar,
mas isso já sabia
cheguei a casa e não só tinha o meu casaco da Adidas da candonga à minha espera como a Andreia me preparou a única e verdadeira surpresa da Páscoa feita Natal que me lembro de ter nestes últimos anos
dedicação assim é coisa difícil de encontrar num Mundo como o nosso e se por grande parte da minha alma o meu comovido obrigado, por aquela parte que é como um rochedo que sobrevive no meio do Mar - tipo as Berlengas!? - fico sorridente, passiva mas tocadamente sorridente
há quem entenda?

1 comentário:

Just disse...

A vida há bem pouco tempo e infelizmente com a partida de um ente querido ,fez-me perceber que enquanto cá estamos devemos dar de nós tanto quanto nos seja possivel,aos outros. Não a quem nada nos diz,não a quem nos olha com desdém, frieza e indiferença,mas a quem dedica 1 pouco do seu tempo a ouvir,a estar ainda que sem estar...presente.
O doce da vida é encontrar pessoas pelo caminho . Que nos fazem acreditar que o mundo é bem melhor quando tocada por seres especias , como poucos que conheço , e onde tu te incluís. Obrigada também eu a ti. Beijo !