10.5.09

Come On Over, Let's go Dance

Há dias em que os dedos acordam como se com vida própria,
só deles à qual assistimos inertes mas sorridentes, de olhos postos no pedaço de papel, ainda que este digital, em que redigem aquilo que passa directamente do nosso cerne à ponta das falanges
provando assim que a consciência é, por vezes, um mero muro que erguemos ao longo da vida entre o que realmente somos e o que somos toldados a ser,
por vezes obrigados
incapazes de sequer querer começar a querer saber disso, as falanges, essas vias de mágica do ser, dançam por si mesmas e por sua livre e espontânea vontade, ao sabor das essências que o dito ser lhe transmite
os raios de luz que aquecem a pele, o vento polvilhado de pólens e cheiros agradáveis que pairam no ar,
o tipo de coisa simples que simplesmente deixa a pele em ponto galinha de puro e sensível prazer
o consciente em harmonia com o ser, esse
a cada dia mais certo das distâncias e distanciamentos com o Passado
em plena e amena cavaqueira com os seres do hoje,
de quem importa e quem se faz importar
esses também seres, como eu e os outros, plenos de peculiaridades que deveras aprecio
maioritariamente as mais simples,
portanto as mais raras
entre o erotismo de mais uma música de Zero7 que preenche os espaços vazios da casa no meu início de manhã, ou mais um cigarro que se esvai literalmente em fumo
só mais este e estamos acabados de vez
entre os pequenos vícios mortais, dos quais creio já ter sido adepto de praticamente todos, resta-me este em particular
que nada tem de bom a não ser aquela momentânea pausa para debitar para dentro de mim as ideias, os balanços, as coisas boas e más de existir hoje e agora
como se de pleno existencialista fosse e me tratasse,
e não como irresponsável imaturo incapaz de impingir o que seja a quem quer que fôsse,
imutável nas minhas atitudes,
mas não sou, não tanto assim e que o digam e por mim escrevam as falanges que,
ao ritmo do erotismo musical
acompanham o meu ser ao longo deste dia e de mim para vocês desse lado do ecrã
como que se os dedos estendidos e o sorriso posto
cá estás tu
cá estou eu

2 comentários:

Just disse...

Arrepias-me de te ler...
com tanta e sempre cada vez mais alma...
Que ao saber-te de cÔr,ser mágico que és...
me emociona,
asas me dá e inspiração.
Não sei onde cabe tanto sentimento que tão bem traduzes em palavras ,mas certa de que único nesta singela arte de dar,
sentir ,
estar,
voar...
sempre voar!

***

dreams.and.nigthmares disse...

E cá estaremos,hoje e sempre. :)
**