Um dia vou saber pintar em palavras e cores rectas como me sinto,
de que é enfim, feita a felicidade em mim
terá sido dos passos que dei em paralelo com outro par de pés?
tendo em conta que ainda não tive amigos, amigas ou namoradas pernetas
tivera eu tido um ou uma de tais e chamava-lhe Pirata,
com um gelado perna-de-pau da Olá na mão e um sorriso malicioso
um dia vou ter um amigo ou amiga pirata,
uma namorada pirata que me seguirá ao pé-coxinho (afinal de contas o único que lhe resta, portanto não bem coxinho) e mascar-nos-emos de pirata e pirato,
como se pirato um termo fôra mas não se faz pouco de sonhos infantis dos adultos
um dia navegaremos pelos mares fora,
o factor 100 na mala e a pele já tostada, com a nossa roupa de riscas pendurada ao vento e as ondas a estatelarem-se contra o casco
no horizonte coisa nenhuma, absoluta e completamente sós no espaço, não no tempo
seremos peças pequenas por um Oceano gigantesco fora,
com o suor e a água salgada pela pele, como se por momentos apenas fôssemos parte daquele elemento
ao delinear a rota pelo mar fora, eu e perna-de-pau teremos em comum a aventura que é existir,
seguindo enfim sem rumo aparentemente delineado
um dia vou seguir, tendo então mais palavras para debitar do dicionário para a alma,
da alma para o brilho nos olhos,
dos olhos para aqui
onde estão vocês
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