A medir o tempo,
como se lixo enfiando memórias em sacos que se atiram escada abaixo para o contentor mais próximo,
como as limpezas que se fazem em casa velha, as caixas e caixinhas, as fotos e as ideias gastas que parecem ainda fazer furor em vidas diferentes
que não a minha
entre toda a bondade emulada que existe de trazer por casa, das coisas que se dizem merecer e de todo esse carácter que nasceu provavelmente da noite para o dia,
é inevitável sorrir sarcasticamente e explicar afinal ao Mundo o porquê,
mesmo que o Mundo esteja a marimbar-se como eu tendo a estar para ele
simplesmente.. não me interesso
ora porque a vida de A e B me é totalmente redundante, ora porque desatino com falsidades, com hipócritas de fazer passar a mão pelo pêlo que digo, não gosto senão tinha-o,
de todo esse amorzinho de bolso feito iPod e sorrisinho de merda que parece feito de aguarela em dia de chuva, dos cafézinhos e jantarinhos, cineminhas e sei-lá-que-mais, tremenda falta de imaginação de nos fazer sentir vivos afinal
nunca fui, nunca vou ser
para quê perder tempo a fingir que sim,
que me importa ser igual
se para mim todo o Mundo se faz num areal, em milhões de litros de água salgada e espuma, de vagas desenhadas a preceito e o vento que nos corta a pele,
do céu azul cá em cima onde o ar é rarefeito, onde as nuvens estão fundas lá em baixo e o Mundo parece sempre tranquilo, puro
fechar os olhos e esquecer tudo isto seria esquecer quem sou
fecho portanto os meus,
lembrando-me de tudo o que é meu
o que é enfim
sou eu
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