7.11.07

A rush of blood

Aperta um pouco mais o vestido e digo-te onde não te favorece
e imediatamente o levantar de uma sobrancelha e um olhar fuzilante entre a minha direcção e não sei
o cabelo assim poisado sobre os ombros bela visão
como se entre as tiras que te atravessam a pele das costas vivesse o privilégio de tas ver assim por uma noite que seja e eu assim sensaborão encostado como um miúdo de dez anos a olhar a vitrine dos brinquedos
apenas mais perdido
sei que o que melhor te fica é o olhar e qual deles independentemente de qualquer vestimenta para a qual tenhas deslizado e já te estava para dizer
que os meus dedos deslizam na tua pele sem a autonomia de parar
impliquei sempre com quem vende a pele ao Mundo sem preferirem esperar que um apenas que nesses dias semanas meses ou anos o Mundo e as olhe assim
de nada serve a pele se não pudermos ver quem nos espreita com os olhos a sonhar cada centímetro e a boca aguardando cada toque e vejam
vejam se me entendem
quanto mais ligados, mais desligados
as tiras até ao umbigo e eu mão na testa que nem suor se apenas usando o sorriso mais sacana de quem sabe que não tens por onde fugir ainda que por momentos com o olhar
vou-te fugir mas não vais
não comento aromas pois eles são feitos de olhos fechados para nos vermos ao longe e em quartos onde a luz não entra saber exactamente onde repousas o corpo exausto
não te consigo dizer porque é tão importante tudo até à tua sombra que para todo o lugar te segue se entenderes
que esta e essa pele como este e esse coração que batem debaixo do peito um dia cansados e exaustos se rendem às inevitabilidades
enquanto isso
volta para o pé da janela e desliza novamente até mim como se tivéssemos todo o tempo do Mundo e todo o Mundo fosse a distância que vai da tua pele
à minha

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