25.11.07

A Loucura e a Solidão

Gritava cada vez que zangado
pela rua evitava olhar nos olhos quem o olhava de relance
sabendo que dessa mesma forma evitaria qualquer contacto humano que pudesse trazer à sua vida todas essas coisas más
como compreensão
afecto
tempo dispendido
amizade
quem sabe amor
na sua casa grande e vazia de vida nem a dele contaria para aquecer o espaço que dividia o branco das paredes
há já muito que a casa não ouvia risos
paixão
prazer
a vida estava tão vazia quanto se lhe era permitida estar e ainda assim
sobreviver
toda a gente que poderia com ele estar nunca estava
por vontade própria havia-se escudado do Mundo
fechado numa torre de marfim sem propósito aparente de onde efectivamente mantinha algum contacto nada pessoal com toda a gente que lhe era
"próxima"
morreu num dia frio e passaram dias até que alguém que lhe
"próximo" desse pelo facto de na torre de marfim mais nenhuma luz se ter acendido
a casa que vazia de risos estava ficou assim
vazia de vida e sonhos

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