Sexta-feira
amanheci antes das oito
sete e cinquenta, sem despertador
abri os olhos e era de dia bem cedo, senti
o André apagou-se no sofá
durmo só uma hora e depois bazo disse ele ingénuo enquanto eu me ria sabendo de antemão a impossibilidade de tal situação ser efectivamente como ele ditava
resultado eram quase oito da manhã e eu já com a taça de corn flakes na mão ria-me e dava-lhe os bons dias com o ar sacanóide de quem sabe que o desgraçado vai trabalhar e só lhe resta invejar-nos o diazinho de praia entre ondas
Ainda não eram nove e já eu à porta do bar da praia que ainda
só abrimos às nove
e faltavam dez minutos portanto fui-me passear pelo areal, a vislumbrar um pequenote tubo que se fazia notar enquanto apenas dois rastejantes se faziam à onda
sentei-me calmamente a beber o meu café porque já passava das nove e apenas duas pessoas
a senhora que fuma quinze cigarros por dia em horas marcadas e que não consegue largar o vício
como a entendo, digo experimente acupunctura
e ela pouco convencida porque no fundo problemas de saúde não faltam mas não consegue deixar de fumar
e fico pensativo no quanto nos deixamos ser reféns de tudo menos de algo que de bom na vida
Dez e pouco e eu já na praia
começa-se a fazer notar o facto de ser feriado com os tipos que se começam a amontoar na Baía e eu que fico mais ao lado já sei que vai ser uma manhã difícil mas faço a primeira onda sem chatices
desde que a primeira onda saia bem ou melhor que bem, a confiança não se quebra e o dia corre melhor, mesmo que sejamos dropinados as dez vezes seguintes..
mudei de costa e fui para o cantinho
apanhei a melhor onda da semana, sem exageros que parecia interminável com a crista no ponto certo comigo e segui-a rasgando à esquerda até à beirinha da praia e pensei
já chega, melhor que esta não vai haver
e não houve, ainda que me tenha perdido por mais perto de uma hora dentro de água à espera dum milagre semelhante
Sexta-feira
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