Como se fora um outro dia, um outro raiar de luz que entra sem convite pela janela que me ilumina o quarto onde eu, inerte e indiferente tão pacatamente descansava o corpo
só me faltava isto agora e a luz a fazer-se sentir
abre os olhos abre os olhos
não querendo nem procurando abrir se nem deles sei, como se me pudesse mortalmente ferir a intensidade, o brilho, o queimar nos olhos e eu sensaborão ali pousado
ainda inerte
por milhares de anos que vivesse talvez nunca entendesse como estas coisas acontecem
direitas ao peito um vaivém de sonhos que parecem inundar-me a cabeça e de repente sem aviso
já é dia
largo a cama sorridente por muito que o escuro em redor dos olhos dite que descanse
não quero saber
nunca foi assim nem de início e de inícios bem sei eu que sei mas não digo nem comparo
nunca foi assim
se algo se perder depois disto ao qual não dou nome tanto quanto arriscarias "isto" não sei quanto tempo levará até que a janela se abra pois farei por a fechar de forma a que cada fresta tapada
sei que existes e não era só imaginação
jamais venha incomodar a minha inerte tendência de me deixar ficar
entre o espaço que vai de fechar aos olhos e reabri-los apenas o desejo que seja tudo o que promete poder ser
que seja
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