31.12.07

2007 Passos de Distância

Entra a madrugada que despede o último dia do ano
gélidamente fria como esperado, garganta pesada em olhos que rasgam ainda um sorriso ténue de um ano preenchido por tanta tanta coisa tanta
gente de quatro pontos do globo que à falta de melhor termo as apelidaria de fantásticas
únicas
momentos de vida puros com o mar pelas mãos, o céu pelos olhos, o frio pelo corpo e o quente pela alma
reaprender de velhos hábitos partilhando o espaço com silêncio
apreciando, saboreando
na permanente luta pela felicidade
desassossego que ocasionalmente
entre sorrisos e olhares ternos visível
nas últimas semanas constatei o facto de escrever cada vez menos e com menor qualidade
poderia insinuar falta de inspiração apesar das outras coisas que escrevo na minha mente

momentos que tenho para mim mesmo e por atitudes que não falo dos outros
a mim custam se também respiro
do ano a certeza de sacrificado
lutado por objectivos
mais audaz, perspicaz
falhado redondamente na entrega
esta dificuldade que sinto em mim de ser o porto de alguém e só por alguém
quão deverei sentir por alguém?
que me consumam os dias, o ser não é para mim
na incapacidade de se entender verdadeiramente alguém reside a incapacidade e a falta de veracidade no sentimento que se nutre por esse alguém
somos ninguém
aprendi mais um o que é amar
quase a anos-luz de distância sem retorno
coisas que aprendemos sem fim
são assim como as coisas pois coisas sempre existirão
consciente em demasia da minha mortalidade rasguei com a apatia que me sufocava
rendido à incapacidade de ser feliz sem me haver forçado a ser mais
terei de mais sempre ser e mais ousar
mais querer mais poder mais ver e viver de tudo mais acima
pés no chão
não tendo nunca posto ninguém de parte da minha vida sendo que a vida ou as pessoas disso se encarregam com aparente facilidade
seria suposto lutar por mim e por outro se nas piores alturas por mim não houve quem?
agradeço mas sinto
sentir será o essencial que guardo do final deste ano
reencontrar partes de mim
pessoas de mim, fantasmas de mim
novas pessoas, novos lugares, novos Mundos por explorar aventuras mais
como os restantes não sei o amanhã nem desejo saber
terão sempre em mim o espaço que desejarem e fizerem por ter
se desejo ou atitude alguma apenas a minha boa fé de uma memória sorridente
sem remorsos arrependimentos vãos
numa vida que é uma linha que só muito ocasionalmente permite desvios

Feliz 2008, façam efectivamente o favor de serem felizes fazendo e ousando ser tudo o que não fizeram e ousaram no Passado.

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