Por vezes a priori
saber que vou perder,
ganhando enfim na razão, na visão que tenho das coisas e das pessoas
quantas vezes gostava de ser provado errado
mas não,
estes seres complexos que cremos ser,
que afirmamos tão orgulhosa e fica-pé ser,
são por vezes de tão previsivelmente falíveis que basta enfim,
tocar uma corda,
puxar uma manga,
dizer um rol de palavras simples,
para obter o efeito pretendido
admito,
por vezes é um efeito que me magoa o peito,
como quem se põe a jeito frente a uma arma prestes a disparar,
ainda que não fatal,
não no sentido lacto é verdade
existe sempre no processo uma fatalidade quase literária,
uma personagem que fica a meio do livro e não chega a ver o XVIII Capítulo
ao testares os corações alheios, lembra-te que nem todos possuem bravura,
alguns de tanta onda que lhes bateu contra o peito não se farão rogados
preferirão seguir sem ti, sem marca de ti, pensamento de ti, sem saber
de ti
novo dia virá,
nova gente e novos sorrisos,
novas promessas, novas palavras, novas sensações e coisas ditas,
irremediavelmente voltarás a puxar mangas, fios
novamente esperarás os resultados que antecipares,
ganhar não é,
se a vida é sempre, sempre a perder
mas se o tempo ajuda?
ajuda,
não resolve mas ajuda,
ao ajudar a esqueceres-te no quotidiano, a fazer sumir coisas grandes no meio de pequenas feito ilusionista
acabas enfim por perder imensas partes de ti que esperas achar,
em certos dias acreditas que nunca as voltarás a ver,
e que certas palavras nunca voltarás a dizer
mas dias há em que sim, não custa sonhar
dias há em que prefiro estar assim,
à distância mais curta,
ainda que a milhares de anos-luz de tudo
Parabéns ao amigo J
ainda que lhe duvide as visitas ao Mundo,
mas os amigos moram no peito ao lado das coisas boas e não se esquecem,
ainda que os anos passem, a verdadeira amizade é imune ao tempo
1 comentário:
Acredito que este texto tenha bem mais implícitos do que aqueles que sou capaz de descortinar, ainda assim, apraz-me dizer que somos todos mais lineares e simplezinhos do que aquilo que gostamos de projetar e acreditar.
Se tivermos consciência disso, talvez consigamos entender melhor os outros. :)
Já agora, tu não fazes ideia de quem sou, pois não?
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