14.1.11

Persona Non Grata

Na sequência da última,
em jeito de parêntisis ainda que não de forma a aligeirar,
de há algum tempo para cá tenho escolhido o meu caminho,
a única coisa que as pessoas que gostam efectivamente de nós devem fazer é sorrir e do fundo do coração desejar sorte para esse mesmo caminho,
se concordam com ele ou não é totalmente irrelevante
Não ando à procura do Amor apesar de escrever inspirado nele,
Não me mata a solidão apesar de escrever incessantemente nela,
Não me mata a frieza, apesar de poder escrever uma palestra acerca dela,
Não importa se acredito ou não em contos de fadas, em amor à primeira vista, se me vou ou não apaixonar, se amanhã vou conhecer uma Maria Cachucha e ela me vai mudar a vida, deixar de quatro, virar a minha existência e os meus Paradigmas todos do avesso
Não importa se ocasionalmente estamos juntos e nenhuma destas coisas é tema de conversa
Orgulho-me efectivamente de viver uma vida muito cheia de muita coisa, de muitas coisas e muitas faces, muitos corações fantásticos e outros abomináveis, de muitas almas luminosas e outras obscuras, de muitos lugares, muitas noites mal dormidas, muitas coisas que até há poucos anos acharia improváveis de acontecerem a alguém que nasceu, como eu, num lugar pequeno e, durante muitos anos, viveu confinado a lugares e mentalidades igualmente pequenas
Nunca me dou por satisfeito por achar que as coisas têm a medida que lhes damos
se não as confinarmos, terão a oportunidade de ter a medida do infinito
sendo que infelizmente nós mesmos somos finitos, cabe-me tentar na minha existência experienciar ao meu ritmo, ao meu julgamento, ao meu gosto e vontade os limites de todas as coisas que me aprouver
Não ando à procura de nada, mas quero encontrar tudo

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