6.1.11

"A Jornada"

Ontem a matutar,
num blog alheio onde a autora se descrevia
fisicamente menos apta que a e b
os comentários que saíam das amigas,
o típico veneno a que é dada a humanidade pequenina
ainda acho lamentável olhar para um calendário e ler dois mil e onze,
constatando que tão pouco mudou desde que eu era criança,
se bem que não tínhamos tanta coisa electrónica com que nos distrair,
ainda que confesso,
sempre as tive antes dos outros meninos da aldeia terem,
um computador, um dos primeiros PC's, mais que uma tv em casa ao ponto de me dizerem
ele é mentiroso senhora professora
mas não era, a dada altura tínhamos duas, três, quatro tv's em casa
força das circunstâncias, ainda que só me recorde de por muito pouco tempo
ter tido alguma vez tv no quarto
presumo que boa escolha por parte da minha mãe, sabida nestas lides da educação
creio ainda que deixar as crianças e pré-adolescentes fecharem-se num Mundo só para si
nem sempre é uma boa opção,
há que arrastá-los para o Mundo e fazê-los viver, experienciar e isso não vem sem uma dose sólida de desilusão e dôr
como esta menina que escreve
e bem
que lhe diga que listava aqui as minhas vinte maiores inseguranças,
umas mais que outras, dos dez anos aos vinte, dos vinte aos vinte e cinco, dos vinte e cinco aos quase trinta
que lhe diga ainda que não importa o que os outros, pequeninos, pensam
nas suas mentes regra geral tão básicas, tão imperceptíveis do plano maior das coisas
que a vida é feita de evoluir, como a nossa existência,
existem almas velhas e almas novas,
essas ainda com longos caminhos a percorrer,
as outras também,
que o invólucro seja sempre o motor da nossa pesquisa e dos nossos sonhos,
este em que vivemos a título de empréstimo,
que não seja o cerne da nossa existência e o condicionalismo da mesma

usa o teu corpo de todas e quaisquer formas inimagináveis, será sempre o teu melhor veículo na viagem mais alucinante que jamais farás - viver

2 comentários:

Carla disse...

Eu tive a primeira TV a cores da minha terra. :) (deixa-me gabarolar à vontade)

Ao ler o teu título, lembrei-me de uma peça, 'Jornada para a noite', cujo título mexe sempre comigo. Não estaremos nós todos numa jornada para o fim? Ainda assim, não podemos obrigar a nossa luz a brilhar o mais que puder antes de se apagar de vez?

Com a jornada, aprendi que os medos e as inseguranças, até o que me faz feliz, pode ser relativizado, contas feitas, tudo tem o valor que lhe damos.

Bons voos. :)

S. Puga disse...

Marquito, uma grande realidade estas tuas palavras.... Infelizmente a sociedade em que estamos hoje é muito pequenina a nível de valores, de ideais.... Espero com toda a sinceridade que essa miuda aprenda a se valorizar e que aprenda que um corpo nao é tudo.... Que importa se a, b, c e d teem um corpo melhor?! Aprendam de uma vez por todas a viver e a gostarem de voces proprios....