A meio desta tarde eu e P sentados em lugar que me sinto bem
onde o tempo pode atirar horas sobre o ombro e eu calma e solenemente embebido em pequenos prazeres que a só poucas pessoas dadas
se permitiriam degustar
num breve ápice entendo agora toda a questão do não poder funcionar se para essas pequenas coisas que eu sou é necessária uma sensibilidade que encontro e me fascina em muito
muito poucas pessoas
ao trocarmos impressões e experiências sobre conversa que não apelaria a quase ninguém pela complexidade e delicadeza do tema dei por mim feliz
honestamente e por momentos feliz por não me recordar da última vez que teria conversado assim
a dada medida deprimente
por extremo oposto emprego o termo "Bliss" e a leveza que a ele está inerentemente associada
pois P fez bem mais que vir de longe apenas para me ver e estar breves momentos comigo que foram em verdade dita coisa de três horas feitas minutos
P deu-me a serenidade num dos mais complexos dias dos últimos anos na mais complexa fase da minha existência
P é tão mais que uma amizade, um farol em noites de bréu que apesar da sua presumível fragilidade aguenta as vagas do mais forte Oceano
a P de quem tanto possa parecer distante
um beijo luminoso
ao que devolvido a paredes
constato pormenores que ditam a minha inexistência na ideia que
até os justos tendem a vergar a sua inerência às vicissitudes da ausência de carácter
que nunca se rendam à mesma como eu não me rendo
e daí quem ousou alguma vez dizer que algo justo existe
em mim
1 comentário:
Elo perdido
Encontrei-o na "gaveta" de Janeiro de 2008, debaixo de um velho cachecol, feito de lã de ovelha negra tresmalhada, que tem a função de me aquecer este pescoço desnudado em noites de insónias induzidas...
Num mundo só teu, encontrei um pedaço de história só meu, feito nosso, a teu jeito, como que escrito no canto de uma qualquer toalha de papel de mesa de café, manchada com o aroma inebriante de uma conversa...
"Tarde em P, noite em mim" - há dias assim. Releio estas migalhas do nosso lanche esquecendo possíveis vestígios de atum que igual martírio seria comer destemidamente um crocante escorpião num dito lugar exótico.
Releio em voz alta, a tua voz, em jeitos de eco nas grutas da minha imaginação e sinto-me mais perto de ti, tão perto quanto um ser humano esteve do sol, abraçando o seu calor no buraco negro, vazio, gélido da civilização.
A tua radiação altera qualquer química e a tua vida dá saltos mais fascinantes que os do primeiro homem na poeira da lua. Caminhas entre organismos unicelulares de vasta hipocrisia e completa falta de inteligência e espécies raras e surpreendentes, dignas de apreciação Darwiniana. És o elo perdido que apenas se quer encontrar a si próprio. És a razão pela qual o termo "evolução" faz sentido.
És um espectador da vida que teima em fazer zapping num sistema de tv interactiva, que visualiza as coisas de diversos ângulos e grava um best of na sua memória de 1 GB (Great Brain), reflectindo sobre a possibilidade de "broadcast yourself" naqueles 15 minutes of fame - feitos uma vida em palavras num tão peculiar e complexo espaço virtual - ou simplesmente desligando deste mundo de 1's e zeros para procurar mundo fora outros estímulos para tão cedo não ficares "Bah!" (Bored As Hell).
Perde-te por aí. Perde-te, que eu encontro-te.
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