5.1.08

Por Cima do Ombro

Vou na ânsia do fechar a loja mais cedo que o habitual
diria que ontem cinco e meia madrugada a pico e o meu corpo dormente nas extremidades com a cabeça a mais do que o permitido sem vislumbrar um pensamento só
só um
que me trouxesse paz
o que tem de tão mal estar sereno e feliz pela dita felicidade
se seria de esperar que eu e logo eu quem
reagisse de forma previsível, infantil e deplorável?
quem sabe amargurando os meus dias
prometendo este Mundo e o outro?
mudando
soaria a quê?
já existiu uma altura em que sim
sem conseguir o que queria nem o que queria era o que podia querer
aprendi que o Mundo é feito de janelas
imensas
a minha tem uma cadeira apenas da qual vislumbro o Mundo
e Deus queira brevemente um Mundo do qual vislumbrarei uma cadeira
não duas
com todos estes imensos defeitos que sou eu
prefiro que me deixem em paz e em paz ser deixado se existem para me atormentar
não estou na disposição de levar cházinhos
quando tiver sede tratarei de os preparar
a cada atitude menos sensata cria-se um fosso que tem a largura de cada dia e uma distância que não posso precisar
a cada atitude esqueço um pouco mais de quem fui em dados momentos
esquecendo bocados de quem foste também
à distância a que cada um de nós coloca o outro é nessa medida que passam os dias
todos os dias
sem que se vislumbre sequer um olhar por cima do ombro
até ao dia em que deixa sequer de se ver
ao longe

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