Pinta o Mundo com os teus olhos
diria que de sonhador os meus, a vislumbrar o deslizar lento das nuvens no céu que me acompanham por dias a fio
por noites inteiras cá fora no banco de jardim que tenho em casa, as mangas compridas a protegerem-me as mãos do frio e sim, um cigarro como companhia a quem deixou de fumar há dois anos e meio
em cada brilho de cada estrela sinto-me pequeno, a atirar-lhes os meus sonhos e desejos, a perguntar-lhes como reflexo de mim mesmo o que falta aos meus dias, tal por vezes a sensação de perto e branco que me preenche
não precisas perguntar o que sabes, mas efectivamente acaba por ser o que te perguntas vez e vez sem conta
ou o porquê das atitudes incompreensíveis com que te deparas. Porquê?
a altura não vai dos pés à cabeça, vai dos sonhos à vontade de os realizar, quem me disser o contrário ou está a mentir ou não vive no mesmo Mundo que eu
definitivamente muita gente não vive no mesmo que eu
toda a gente?
entre cada suspirar de fumo deixo para trás algumas notas soltas que anoto em papel branco ou incolor, por vezes a tinta, por outras a sorrisos amargos ou amargurados pelo tempo
no lugar que me repousa só eu e ele sabemos o que sinto, o que penso
o que digo para mim mesmo
vezes e vezes sem conta
os dias têm esta capacidade assustadora de serem infinitamente longos ou, de tão deliciosos, incompreensivelmente curtos
votaria para sempre em dias curtos, muitos dias curtos
uma eternidade de dias curtos
ao invés estou preso nos dias longos a contemplar um qualquer céu num qualquer lugar onde esteja a desejar as mesmas coisas de sempre, a ter os mesmos sonhos que tinha e a mesma linha que, acredito, ainda me faz alguém bom no seu Ser
senão que não seja, que seja o que quem quer que seja quiser
mas nunca deixarei de ser eu mesmo
onde quer que esteja, o Mundo tem sempre o mesmo tamanho, daqui até às estrelas
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