26.6.08

Split, Croatia

Eram tres e dezanove quando abri os olhos
de alguma forma a leveza da luz do andar de baixo fez-se sentir por baixo da porta do meu quarto e levou-me a cambalear ate a casa-de-banho
cambalear nao, pois sentia-me mentalmente em demasia desperto para quem havia dormido apenas coisa de cinco a seis horas, perdido entre fusos horarios como hoje quando dei por mim perguntar
Que dia e hoje?
e garantido que seria quinta pensei ainda viver numa terca ou quarta como errado e deslocado que estava
irrelevante explicar
pois eram tres e vinte e pouco quando regressado ao quarto dei por uma amiga aranha a ver-me do tecto e agradeci por momentos ao lugar verde em que habito para me ter stressado com a dita grande bicharoca a lutar pela vida e eu a lutar para nao a ter que matar
nao matei
algures no Mundo verde fora da janela, apos vinte minutos de tentativas delicadas consegui persuadir a bicha de oito patas a apanhar o fresquinho da madrugada
voltei a deitar-me para a ironia de apenas ter comecado a "driftar" para o sono quando pelas tres e quarenta
o despertador, ai ai ai cantava Alanis
ao pensamento inaugural do meu dia por iniciar
"ai ai ai" que me doi a alma
rotina rotina, corre corre, cronometrado mais minuto menos minuto mas admito
pontualidade Britanica
por meio de um curto dia de trabalho a passageira que responde ao "deseja mais alguma coisa?"
"..o seu numero de telefone?" e nao o levou porque simpaticamente sorri e disse que nao disfarcado de engracada piada para ar incredulo do meu colega com a desmedida lata da rapariga, certamente confiante nas suas capacidades de
chamemos-lhe
seducao ou algo que a isso se assemelhe
recordei-me por momentos de ti que estas para ai, no raio que te parta indiferente
de mim a por vezes querer saber como as pessoas que dizem que se gostam e que se querem
essas hipocrisias de merda com as quais se ganha a confianca que tao facilmente se atira para o contentor juntamente com as garrafas, fotografias e outras merdas que acumulamos ao longo do ano
uns chamar-lhe-ao memorias ou tesouros
outros merda e lixo
chama-lhe nomes!
a caminhar para uma directa sem que me permita chegar a tamanha inconsciencia
da-me para sorrir a Sonita, o Joao, a Carol, os meus pais e ate o smokie com quem infelizmente nunca falo mas de quem gosto e nao me lixa
o resto tambem me da para sorrir mas de forma relevantemente diferente
estes estao presentes de formas pertinentes, sem que tenham que se fazer presentes se me dou a entender
nao tenho tempo para me chatear com o Passado e aproveito para me manter sorridente com o Presente pois sera dele que faco o Futuro
faz sentido? demasiado cliche?
talvez tenha simplificado, chamemos-lhe um ABC lexico onde ate o mais limitado intelecto entende onde e de que sao compostas as entrelinhas

(Brevemente vou ter que visitar a Croacia e banhar-me em Split)

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