24.2.09

Factor #3 (Sonhos)

Saem-me penas do colchão,
incomodado não consigo evitar pescar a ocasional que me toca incomodamente a epiderme como se de um enviado do raio que a parta se tratasse
perdido em pormenores como o percurso do dito invólucro de um qualquer animal que me serve de conforto em noites mais frias,
o Nova Scotia em fundo a preencher-me a musicalidade de uma noite em que admito
já me pesam os olhos
entendi que pode ser-se ao mesmo tempo estupida e imbecilmente egoísta e especial
isto porque o Mundo é efectivamente egoísta, com todas as pessoazinhas que sobre ele caminha e sim,
existirão sempre outras pessoas para catalogar tais imbecis como disse
especiais
sem que alguém lhes diga que a banalidade é feita de coisas assim, que a ausência de carácter é o maior pecado que um ser dito humano pode conter na essência a que se chama, por vezes desperdiçadamente de
alma
pondero quanto tempo sobrevive um sorriso,
quanto tempo demora uma lágrima a secar e sumir-se do seu traço,
coisas tremendamente banais e usuais em seres que somos
pondero porque não passo mais tempo a escrever que não na minha mente e porque guardo tantas mais coisas sem uma letra que seja exposta
respondo que o Mundo é egoísta e não tenho palavras que o mudem
amanhã acordarei para um Mundo pior e farei a minha parte,
não farei parte do pior
não enquanto souber sentir o que é
sonhar

17.2.09

Factor #2 ((des)Ilusão)

Há outros dias em que se acorda,
não que não se faça todos os dias à excepção dos dedicados a directas
os sonhos que nos fazem regressar a lugares que nunca existiram e onde fomos felizes a fio
as palavras iguais e os gestos,
reminiscências de coisas que nos fazem no dia em que acordamos recordar o porquê de não,
não fazer sentido e não voltar a ser
existe esta larga linha onde pessoas imensas saltam e dão pinotes na corda bamba
entre o ilusório da ideia que têm delas mesmas e dos julgamentos que fazem dos outros corre-se o risco de se estar redondamente errado no ponto que vai do início ao fim
da corda
Como quem escreve por mero gosto e está certo de que existem textos bons e maus,
notoriamente um mau
mas que nem por isso se deixa abalar porque nem todas as coisas belas do Mundo são perfeitas, nem todas são majestosas e sem apreciarmos a vida pelos seus defeitos jamais tiraremos partido das suas maiores dávidas
convencidos que estamos agora todos de que vamos viver para sempre,
talvez porque a nossa vida passa pelo hi5, pelo facebook, pelo msn e por outras esquisitóidices do tipo, essas antes evolutivas e apenas dependentes da disponibilidade ou não da tal rede,
esquecemo-nos alguns muitos de viver, de deambular pela vida de sorriso parvo,
de meter a mochila às costas como eu amanhã, depois de amanhã
a me perder por um qualquer redundante e majestoso lugar que ainda me falta decidir
lá me voltarei a encontrar como tenho encontrado aos poucos nos últimos tempos,
lá não precisarei de ninguém que não tenha realmente,
como dizia um amigo um dia
não importa onde vais,
lá estás tu!

16.2.09

Factor #1 (Redundância)

Talvez a coincidir com os seguintes factores,
céu azul, sorrisos alheios, sorriso próprio, a energia que volta aos poucos mas de certa forma galopante
tiram-se diversas conclusões em dias assim,
se é que de dias ou de noites ou das coisas com que sonho durante a noite que não são de todo da vossa competência mas talvez apenas partilháveis com duas talvez três pessoas neste Mundo que não têm nome
a vida é feita de redundâncias
tal como
o amor é feito de redundâncias
não coincidências, não destinos fatídicos e maiores que as pessoas, não
re-dun-dânnnn-ciiii-as
demonstrem-me um amor actual para o qual alguém tenha esperado e (d)esesperado,
uma prova de afecto que o tempo não tenha levado como o mar leva os castelinhos de areia e aí abro um parêntisis à minha aparentemente frustrada,
que de nada frustrada tem, acreditem-me
afirmação
entre a #1 e a #20 deste ano de belo 2009 tomei a decisão sábia de e apenas por divertimento próprio e proveito maléfico ver o que aconteceria com um simples factor,
tempo
o tal, o incontornável e inconfundível, como se outro houvesse que nos fizesse mais estragos e nos deixasse passar por mais amarguras e desafios que este
à excepção de uma tal de excepção, o tempo costuma provar aos audazes que as suas teorias têm fundamento
ao fim ao cabo o Amor, seja ele o tal Amorzinho de Loiça ou o tal do "Querida mete a antena no Canal 1" o facto é que A, I, J, D, F e mais não sei quantas outras letras estão com Z, J ou R porque não estão com S, L ou T
se no espaço de semanas e de certa forma ciclicamente assisto a este espectáculo que é a vida sentimental alheia, porque estranha L quando lhe digo que não tenho paciência
ou porque duvida L - o L - quando lhe digo que afinal a chatice não compensa, para part-times e take-aways ia à pizzaria ou talvez ao senhor Chang do restaurante Tailandês por antes uma boa Masala
não é uma ofensa, mas o Amorzinho Descartável chateia-me do alto dos meus vinte e sete vividos anos, como me aborrecem as guerrinhas de bonecas, as parvoíces de meninas pequenas feitas grandes e os deambulares de pequenez que encontro em sem-número de almas
para o amorzinho part-time terei sempre a filosofia de que posso deixar os jeans no chão do quarto e que a almofada é minha e só minha,
que os hotéis onde existem dois quartos são para em cada um dormir uma pessoa,
a noite anterior não existe no dia seguinte e assim por diante
aos amorzinhos de loiça, esses que existem em fila numa qualquer estante imaginária para a qual muito raramente olho, devoto-lhes a mesma importância que aos redundantes Amores a que assisto,
ausente de olhar invejoso ou pensamentos destrutivos desejo sim que seja desta que acertam naquilo a que não me dou ao tempo,
à vontade,
ou convenhamos às pessoas
de acertar!

10.2.09

Whiskazinho!

Ontem detive-me a delinear umas letras para um dos meus Amigos,
o músico
certo que lhe darão uma ponta de inspiração para começar a trabalhar em algo por ali me fiquei eram umas quantas e tais da madrugada e já fazia contas às horas de dormir que diz-se
os aviões não esperam por nós,
como certas coisas, a vida e os seus circunstancialismos
tal como as sombras também as pessoas e a vida se move, não se mantendo no mesmo lugar por muito tempo
ultimamente o dito do cibernético a entediar-me com as pessoazinhas que me aborreceram a dada altura continuo a dizer
é a melhor forma que tenho para falar com os meus verdadeiros e bons amigos
gosto de saber que inspiro até pessoas que se fazem indiferentes,
levando-as a delinear a próxima redundância como se delas se tratasse
sem que para isso paguem direitos de autor ou sequer se comportem como gente digna,
adiante
entre os olhos pousados num qualquer mapa e meio livro que li nos entretantos de hoje,
talvez seja efectivamente o verdadeiro eremita urbano
sem pedir licenças a ninguém nem os tais ais e uis de com licença que se faz favor que gosto muito de si e saudades com whiskas saquetas
convenhamos que pode parecer ao primeiro olhar que levo a vida sedentária
sem que para isso façam contas a 27 anos mais vividos que gente que se diz vivida, corrida à vida e "grandes malucos"
de grandes malucos diria eu que nem me proponho a comentar do meu percurso
ou o de ninguém, para o mesmo efeito
o porquê de serem tantas e tais da madrugada e estar apenas e somente para os amigos?
porque entre nós e sorrisos sacanas sabemos
queres whiskas?
vai à loja

8.2.09

"Open Your Eyes"

A cada dia adormecemos para no dia seguinte, esperemos, acordar
como se de um botão de reset se tratasse, a cada dia o abrir dos olhos
o expirar forte a assegurar-me que estou vivo e o inspirar sereno de me obrigar a iniciar um novo dia
acabado de chegar daquela terra que é tão minha
onde pudera quem não
por momentos espreitar ao que me deteve e diria sem dúvidas
ou dúvidas mil, se bem vou conhecendo os outros seres
única
vivemos neste aparentemente permanente estado de coisas que não nos iludamos
não são permanentes
onde sonhamos com o que tivemos, com o que desejamos ter
o que somos e desejamos ser
o que amámos e amamos e até
com o que sonhámos
imunes a julgamentos e preconceitos, ainda que sujeitos aos mesmos medos
aos mesmos lugares e pessoas ou essências delas
acreditaria mais nisso
essências delas somente
ao abrir os olhos ao Mundo aparenta esquecer que as pessoas são isso, essência
como aroma que nos toma no meio de um campo verdejante
terra acabada de molhar da chuva
um prato da tua comida favorita
a pele daquela pessoa
ao abrir os olhos cada dia perdem-se estas coisas para mil de nós
resta a noite para sonhar novamente com elas
resta o dia seguinte para esperar e tentar sim
restando tentar apenas sim
manter a nossa mesma imune
essência

4.2.09

Escuridão? Vai por mim!

Quando chegará o improvável dia em que deixaremos de cometer o erro de julgarmos os outros?
A dada altura desta existência ténue que chamo minha, deparei-me com o desafio de deixar de o fazer. Ou melhor, continuar a ceder ao ímpeto irresistível esse de Portuguesismo afincado que tenho de sim, julgar as pessoas por atitudes, por não fazerem pisca, por olharem para as mamas da miúda que me acompanha ou simplesmente por julgarem que porque naquele dia saí de ténis, calças de ganga e blusa de alças com o casaco do capuz sou por algum momento um qualquer desgraçado que deu à porta com a enxurrada.
Dizia a alguém que gosto de aviões mas que a vida e típicos dramas de crew que passam na galley FM me entediam de morte.
Para mim encontram-me nas páginas do The Times, The Economist ou num qualquer momento de pura renúncia em participar dos dramas de quem dormiu com quem e não quis saber. De quem deixou o namorado para ir para a cama com o senhor primeiro oficial que lhe faltam dois dentes mas consta que as três riscas na farda pagam melhor o crédito mal-parado que qualquer outra aposta que se faça.
Entediantes momentos e desafios que temos de superar num esforço titânico diário em que admito,
ignoro
para além dos bons hábitos que gosto de criar em pessoas que se me somem por entre os dedos como se algum dia destes tivesse acordado leproso - que dedos?? - acabei por tão bem como mencionei anteriormente dar-me ao trabalho de entender,
de uma capacidade de perdão do tamanho de um A340 e compreensão aos baldes, para dar e vender
se por momentos continuo a achar que não tenho jeito para boneco, espantalhinho ou ser simples e basicamente feito parvo, ao mesmo tempo creio que todos temos as nossas diferenças, medos, fantasmas e coisas parvas típicas de enfim,
gente
ao constatar que o tempo não passa disso mesmo, ao invés que tento compreendê-lo como um sem-número de oportunidades que o mesmo me dá para me melhorar, entender e progredir admito
certas coisas, certas pessoas e certas situações são permanentes
a estupidez não é uma doença, mas certamente que aparenta não ter até ao momento
cura