25.9.08

Só Meu, Só Teu

Somos pequenos,
minúsculos seres capazes de coisas brilhantes
de brilhos nos olhos, de sorrisos que dizem mais que mil palavras, de poisar olhares em nada e sonhar um todo,
humanos
temos um coração maior que nós, uma alma que nos suplanta, um céu azul acima mesmo quando não conseguimos vislumbrar ponta do dito tom
vivemos este bocadinho agora, este piscar de olhos, esta coisa que nem conseguimos ou sabemos definir
não como seres mortais mas acompanhados pela imortalidade dos nossos sonhos nem que o tal
de sermos felizes
sorrimos, choramos até não poder mais, rimos e gritamos de dôr
partimos ossos, almas e corações, temos cicatrizes
enfrentamos o Mundo ou escondemo-nos no nosso
dizemos verdades ou mentimos para nos tentarmos convencer de outras verdades
contamos a nossa história sempre de uma forma diferente, desenhamos detalhes
acordamos, dormimos e sonhamos
temos pesadelos,
mimamo-nos e punimo-nos, seguimos em frente a cada nascer e pôr-do-sol
ontem eu e 37.000 pés
chá verde na mesa, a fruta, o british hot breakfast e a janela com um manto branco por baixo, um imenso azul por cima e o nascer do Sol ao fundo
invejei-me por momentos em antecipação a um dia em que não tenha este pequeno prazer de tão imenso que me é e me assola
abro um pouco mais a alma e sinto que só ganho com isso, em ser nem que por momentos eu mesmo, ao quanto me custa estar efectivamente nú de ser para com outrém
dou um passo para lá da muralha e esta desmorona-se um pouco
posso não dizer o que quero, não conseguir o que desejo, posso nunca mais sequer saber o que é ser feliz mas hoje acordei
por baixo do céu azul, este eu pequeno, minúsculo e efémero que sou olhou em volta de si mesmo
a muralha tinha desabado e eu ali, só eu
e o imenso céu azul ao nascer do Sol

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