14.6.11

Um Aparte, Liberdade

Temos quem nos siga na sombra,
sendo portanto um facto que escrevemos como reflexo de nós mesmos,
daquelas ideias que ao acordar nos perduram na mente,
da introdução à mood que nos vai marcar durante o dia
seja ela de alegria e humor extremos ou da vontade de chorar
sem explicações, motivações
que não os sonhos que nos perseguiram durante a noite ou,
quem sabe
ser segunda-feira de manhã e termos de ir trabalhar mais dezoito dias para pagar os impostos..
Considero-me relativamente assistemático,
é relativamente fácil quando somos o mais independentes do sistema que podemos,
ao mesmo tempo que retiramos dele todas as comodidades que nos são possíveis
com isto não querendo dizer que sou menos escravo que vós,
ou em igual medida, mais livre
ao assistir - infelizmente não ao vivo, ainda que partilhe agora da mesma cidade - ao protesto de Los Indignados de Madrid
não posso deixar de pensar que, ao contrário do que muita gente diz
estamos pacífica e silenciosamente a protestar,
como temos protestado sempre até aqui pela dignidade, pela oportunidade, quiçá igualdade
porque todos sabemos algures dentro de nós mas sem berrar,
que nos estão a alienar a vida e os direitos, a roubar aquele bocadinho mais, a escravizar aquele bocadinho mais
creio aliás que a Política devia ser a arma dos homens honestos e justos,
que estes pudessem também bocadinho a bocadinho mudar o Mundo para um lugar mais equilibrado,
mais livre
mas infelizmente sabemos que não é por acaso que nos matamos por dá cá aquela palha,
que nos arreliamos com coisas estúpidas e levamos as nossas frustrações para a estrada, para a fila do supermercado, para o trabalho
que as atiramos para cima dos outros que sentem como nós
não escrevo como intervencionismo Político mas humanista,
porque sinto e sei que sentem,
somos todos donos de almas, corações e espiritos livres
cabe portanto a cada um resistir ao ímpeto de nos tornarmos animais domésticos que fazem o que esperam de nós,
trabalham mais por menos sem protestar, compram mais mesmo quando o senso comum diz que não o deveriam fazer, votam no senhor da gravata seguinte, não o responsabilizam quando lhes falha as promessas, aceitam sem indignação que é certo pagar tanto por serviços básicos à sua sobrevivência e,
sem mais que insistir,
acreditam na sombra que um dia mudará tudo para melhor sem que efectivamente o passem a exigir
as revoluções não se fazem com armas, fazem-se efectiva e principalmente no coração e mente de homens e mulheres,
livres

1 comentário:

Ricardo Saraiva disse...

Adorei o teu texto...


Abraço,
--
R. Saraiva