Fins de tarde,
verdade que a brisa é mais vento que a primeira,
enquanto o Sol brilha no alto destes céus portugueses e os pássaros são a minha companhia
ruído de fundo da tv, programas da tarde, ridículas soap operas de camadas e camadas de aproveitamento da miséria alheia,
falsos moralismos
deleite que quase me faz adormecer ao som de poucos nadas
feliz pelo dolce fare niente
enquanto em mente me ecoam palavras de gente que nada tem
eu aqui, vocês aí, presume-se que em relativa fartura
porém nestes mesmos fins de tarde, debaixo deste mesmo Sol português, onde pássaros nos acompanham
há quem passe fome,
envergonhada ou não, fome
enquanto me interrogava o que haveria de fazer para dar mais nexo, mais rumo
lembrei-me desta coisa estranha que tenho dentro em abundância,
à qual chamam humanidade
compaixão
que vida é aquela que é feita só em proveito próprio quando nada em proveito de ninguém mais
de nada mais
resolvi levantar-me da minha cama de jardim neste fim de tarde
por muito pouco que seja,
fazer a diferença que já não espero que façam em mim
façam a vossa!
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