São três da madrugada,
de um dia longo antecedido de longos dias em que por momentos,
momentos tive para me debruçar sobre o que me assola se é que algo
decididamente nada de ninguém
tirando aqueles de que saudades tenho que sabem quem são
por ordem alguma de prioridade ou preferência
ideia esta tenho eu que ultimamente o tempo sobre tempo tenta-me quebrar a alma,
em puros fanicos,
desfazer-me em milhentos bocados de mim, de pedaços de bocados de mim irredutivelmente quebrados sem conserto, sem memória ou sem lugar onde os pousar para mais tarde, com tempo e paciência,
os voltar a colocar no seu devido esplendor
convenhamos,
a nossa existência, essa mera e por ela mesma irredutível irrelevância de experiências que possamos acumular tem tanto de valor quanto um vaso quebrado, quanto um raio de Sol ou quanto coisas bem menos agradáveis que poderia passar a enumerar,
mas não enumero
porque ainda que neste corpo exausto e alma que resiste à quebra,
sobressai o que importa e o que (me) vale,
irredutível à pequenez que possa por momentos achar-se digna de me tentar por momentos tocar um sorriso que chega
faço portanto um apelo a quem anda por aí fora,
a vós pequenitos e pequenitas,
que venham sempre para mim com tudo o que possuem,
a ver o quão longe poucos passos conseguem
não me tentem mais quebrar o que não sabem encontrar
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