25.1.09

Venecia

São quase duas da madrugada
hora local de Londres, GMT, Lisboa e outros sítios que tais pelos quais guio o ritmo a que segue a minha vida
hoje GMT+1 abri os olhos e era Veneza
dizia eu desde as histórias que ouvi sempre da boca do meu pai e mãe que cidade fantástica, divina, sublime e esta manhã eu ali
o quarto veneziano em que dizia eu só o tecto faltava pintar de vermelho mas afinal branco, as cores berrantes entre o clássico de tudo e as luzes modernaças embutidas e a casa-de-banho que é de design e irrelevâncias
dormi qualquer coisinha pouca
a enfrentar o frio de uma sublime Praça de São Marcos, uma Catedral de chorar e todas as coisas que não gostei e não vou enumerar e sim, vou voltar em dias mais quentes
os pombos "cheeky" de vôos rasantes, gaivotas e pardais com lata única no Mundo
as pessoas diferentes para Italianos e a moda por todo o lado e os "cheeky looks" que povoam este país que é para mim mais que único no Mundo
a vontade de polvilhar a mente com outras coisas e da noite para o dia vamos embora
assim foi
de volta a Londra Gatwick sobram os sorrisos e as coisas que viajar nos ensina,
os distanciamentos de coisas que poderíamos levar a vida a criticar e as pessoas, pequeninas ao ponto de não terem tamanho e os cafés expresso como pequenos prazeres existenciais e as culturas que chocam sem ser de frente, como quem vai andando rua fora aos encontrões esporádicos ainda que caminhando na mesma direcção, linhas paralelas que ocasionalmente se cruzam
não encontro melhor metáfora para a vida
uma linha que com outros paralela, por vezes sim, se cruza
os olhos mais pesados que nunca e dir-te-ia que são apenas palavras e não eu,
apenas imagens e não eu,
apenas um corpo e não eu,
hoje vi os canais milenares, acordei com o cheiro de outro Mundo na minha mente, saboreei cada instante como se fosse o último, despedi-me sem dramas com um até já
somos seres que durante meros instantes são cidadãos do Mundo e o Mundo está lá fora para cada um
pisem-no
abram a merda do coração e usem-no,
mesmo que o usar seja absorver um lugar, o aroma, as pessoas e os instantes que ficam como que eternamente em nós e para nós sempre fará parte
de quem somos
nós

18.1.09

Blue Sky vs #1 Cloud

Duas da tarde
por companhia uma rockalhada tipicamente 80's-90's e o Sol que me entra pela janela a fazer esquecer que está um vento gélido lá fora
por muito que me pudesse queixar, adoro esta estranha sensação a de estar de fina tshirt dentro de casa enquanto no lugar que, esse sim chamo de casa tenho de estar encasacado a lutar contra o ar cadavérico que o frio me provoca
e é porque está frio e é porque são cinco camadas de roupa na cama e é porque o Inverno é mau e sou infeliz e vou fugir para as Caraíbas até à Primavera
não fujo
ao invés disso acabo por fugir para mais a Norte da Europa onde a chuva e o frio são uma constante e me passeio pela casa em trajes de Verão e durmo encalorado com um simples edredon que admito, seria dos mais fininhos lá para a tal casa a que chamo casa
acabado de chegar de Alicante e penso que um dia destes mudo de vida
vou trabalhar para a peixaria do senhor António, para o talho, para o mercado a vender flores ou eventualmente a oferecê-las a todas as magníficas que se apresentarem interessadas nas ditas
este fim-de-semana e os colegas a dizerem que vamos sim a Veneza porque o Carnaval vem aí, o Joe que me diz que Berlim nunca esteve melhor e Faro outra vez ali à distância de aterrar lá e pegar no sacana do León a preço de banana e vamos embora, Sevilha é já ali
diziamos nós ao fim da garrafa de whisky e da noite ainda antes de a caminho de casa, entre a tourada da Sueca e das outras duas que nunca tiveram nome porque admito que não encontro em mim a vontade para fitas ranhosas em bares e não
não me permito a erros desculpados por qualquer que seja a quantidade de substância alcoólica e afins a que me possa dar ao luxo - entenda-se maluqueira - de consumir
terminada essa noite comigo com o pescoço queimado por um cachecol - acreditem-me, dói para xuxu - e um qualquer anormal esmurrado sem ter pensado duas vezes por yours truly e não é que não fomos a Sevilla?
nem botellón nem o amigo Manuca possuído que me dizia que ao levarmos o Luís com aquele feitio ao fim de uns copos a chamar Espanhol do C....acilhas e não,
não saíamos de Sevilha com vida
exageros!
ao fim ao cabo o Paul que apenas me conheceu seis meses entendeu que sou eu próprio, livre de chatices e arrogâncias parvas que me servem de desculpa e escudinho quando estou entre os meus,
com mau feitio é certo e sabido e eles sabem-no
mas com estúpidos sorrisos permanentes e rir de doer a barriga e chorar por mais que sim, choro e de conversas até de manhã acerca delas porque são isto e aquilo mas não deixamos de as admirar, adorar, querer enfim entender e tenho dias que sim
nos dias que não calo-me e respeito a indubitavel diferença que existe entre nós
nisto o fim-de-semana ainda tarda, é certo
porém o planear coisas com antecedência é o meu fraco e não vivo em expectativas de coisas a dias de distância mas sim em coisas feitas em cima do joelho, de pancadas momentâneas e dias assim porque sim, me sabem muito melhor, me fazem vivo e de vivo só tendo a passar a morto
portanto vou vivendo,
opção própria e sábia
gostei do dia de hoje, porque os sorrisos parvos ignoram o telemóvel que recebe mensagens vindas do espaço e focam-se em coisas que aparentemente tinham desaparecido mas já disse antes
as iludências aparudem!
perdão, aparentam-se ilusórias..

7.1.09

The Other Cheek? Kiss Me!

Diria um sábio certo dia ou noite que
alma grandiosa aguenta de frente os maiores embates a que a vida se proporcionar
com esses sai mais experiente, mais serena, mais sábia
mais alma
2009 chegou sem surpresas
afinal de contas como havia mencionado a título prévio, mais não é que mera formalidade de tirar a página do calendário para deixar a descoberto a seguinte
para mim não passa da perspectiva de um Verão cada vez mais próximo, de calções vestidos e das nossas tardes na esplanada do Baleal a emborcar superbocks nas pausas da surfada, de areia nos pés e bola no ar e a sensação que não é sensação mas certeza de que não, não precisamos de mais nada para sermos felizes
o João entende, o Paul entendeu, a Andreia entende e mais um rol limitado de pessoas que conheço certamente depreenderia o mesmo
não sou um miúdo, mas as pequenas coisas emocionam-me mais que aos miúdos, ao passo que eu mesmo admito, passo quase inerte às grandes coisas
existe uma grande diferença entre quem sente para fora e quem sente cá dentro
os primeiros sentem as coisas e nas coisas, os segundos sentem a si e aos outros
não que os primeiros sejam seres inanimados, mas as intensidades oscilam mais do que se possa aparentemente presumir e daí advém
as iludências aparudem
perdão, aparentam-se ilusórias!
como as palavras que se escrevem, as que se dizem, total e completamente desacompanhadas de atitudes que as cimentem
os meus pensamentos vão para os que não se deixam levar pelo facilitismo das derrotas, pela inércia e pelo comodismo
nem sequer por críticas de pessoas menores que de tão pequeninas as devotamos ou mereçamos devotar ao esquecimento não parcial, mas total
a que nunca jamais e como punição encontrem em nós um átomo de compreensão, de sorrisos e coisas boas
dar a outra face?
dêem a vossa primeiro, eu sigo..

5.1.09

Dualismo (no novo ano)

Temo que a escrita tenha feito falta
tanto quanto fazem falta aquelas pequenas coisas
as únicas que nos mudam
apenas comparáveis às ausências das pessoas que amamos e nos mudam a alma
as minhas ausências são explicadas pela vontade de acumular intrinsecamente interligada à minha vontade de não querer partilhar
não com o Mundo, assim em vão facilitismo ao qual por vezes sou dado
como se a minha alma fosse para ser um livro e como se sim, fossem os olhos que nela poisam por breves palavras realmente fazer juízos por excertos de excertos de dias
que não deveriam
como tal pretendi dissolver-me no tempo, como se de água me tratasse e o tempo de areia que tudo absorve para mais tarde, imóvel e irreconhecivelmente idêntica ainda ali perdurar
não perdurarei e tenho a plena consciência de tal
não de hoje, não do ano passado mas de sempre, característica que não me amputa o espírito nem os sonhos mas que me separa por vezes dos muitos demais com que me cruzo
ao fim ao cabo um novo ano que diz um qualquer calendário que já é o dois mil e nono como se as pessoas a contarem os outros antes do zero e a dizerem
ah, feliz trezentos e cinquenta e sete antes do zero e não, não tem a ver com Cristo, apenas calhou
ao fim ao cabo apenas uma coisa me incomoda nestas passagens do ano à qual desta vez passei pratica e entediantemente indiferente
as pessoas não mudam, os problemas não se dissolvem, os sonhos não se realizam e a vida não se torna instantâneamente mágica como se de uma sopa de galinha de pacote se tratasse apenas porque o calendário passou de 31 para 1
a vontade continua a mesma, as pessoas igualmente mesquinhas, a vida igualmente difícil e o comodismo a moeda de troca mais comum
ano novo vida nova e não me impeço de soltar um riso de ironia perante a estupidez
sim é um novo ano e se quisermos ser pequeninos e dividir a vida por anos sim, representa uma janela de oportunidade,
tal como representam todo e cada dia em que abrimos os olhos e ainda caminhamos sobre este Mundo!
como não nos podemos mudar tanto quanto desejaríamos e muito menos aos outros, à alma dos outros ou quiçá, apenas oferecer-lhes uma embrulhada em papel e laço bonito, podemos apenas dar energia às nossas vontades essas sim
de tornar realidade os nossos sonhos
são 1h30 da madrugada da primeira semana de um novo ano
continuo a ser eu e lá fora continuam a existir as pessoas que me tentam magoar, as que gostam de mim por quem sou, as que me invejam, as que me desprezam e as que não podem comigo nem pintado
uns dias vivo com isso, outros sobrevivo
e vocês?