Não me compram as palavras,
de tantas vezes que as usei a todas, em quase todos os sentidos imagináveis, calculáveis, previsíveis
inimagináveis em serões
com o tempo aprendi a ser a mais fria versão de mim,
também a mais serena, distante a mais de mil milhas de um qualquer horizonte,
apagadas muitas vezes as luzes em pleno cruzeiro, o rádio silencioso e a navegação a fundo, sem refreios,
noite dentro,
escuridão
só sabemos o que há do outro lado quando chegamos ao limite das coisas,
quando batemos nos fundos,
nos tectos,
nas almas uns dos outros,
testando-lhes mais que o pulso, a essência
talvez para mim já seja tarde,
não me socorrendo de um qualquer idealismo e sonho infantil de que o quer que venha na minha direcção me irá mudar de tal forma o cerne que apagará esta essência do que sou e de quem é em mim,
talvez não o queira de qualquer outra forma,
de tão convicto que estou de que a efémera passagem pelo Mundo é feita de aproveitar cada centalha de cada coisa,
cada inspiração e expiração deste corpo,
não se desiste de viver,
como não se desiste de acreditar que todas as regras,
todas elas,
mesmo as minhas,
foram feitas para serem irremediavelmente demolidas, arrasadas
indubitavelmente devolvidas ao entulho da Terra que as ergueu,
como nós,
na nossa existência,
mais tarde devolvidos apenas ao que somos no fundo, no tecto
a nossa essência
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