11.2.10

Mea Culpa(r)

Diz que um dia foi Feliz,
atentem por favor ao Feliz com letra Capital, como quem chama à atenção que foi em suma,
Feliz
hoje em tempos que correm já fluidos por entre coisas de gente grande,
discernimento e responsabilidade, análise concreta e ponderada, o quer que lhe chamem pode dizer
que houve dias em que a felicidade fez parte
como em tudo o que toca, nem sempre fez bem, nem sempre ponderou e não, nem sempre foi justo
como é injusto colocarmo-nos numa vitimização quando estamos certos que estragámos (quase) tudo sem termos tentado limar arestas, resolver problemas e situações que nos desagradassem,
como se por vezes que admito raras
um salto ao Passado nos fizesse ver que afinal nem sempre foi assim, nem sentido faz que se diga que a culpa é de outrém quando a é em suma minha
saberão as pessoas que me fizeram felizes quem são,
as que se esforçaram para tal e que lutaram constantemente contra este feitio que eu invulgarmente me orgulhava de ostentar como um miúdo mostra o seu brinquedo favorito que não faz, sem sombra de dúvida
questão de partilhar
o que mudou se mudou o tempo
ainda quero casar, ainda quero ser Pai, ainda quero ser feliz e ter um cão e um gato, uma casa gira algures num lugar onde não nos encontrem e serões a fio de puros nadas que são tudo
sou em suma por momentos humano e o defeito maior é que todos os dias se ergue uma muralha que por vezes é insuperável, por outras arrasada de não poder mais subsistir com medo que o tempo acabe amanhã e,
caso acabe
que fique aqui escrito que as muralhas existem para isso mesmo
serem derrubadas

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