7.11.11

This Good Forever

Sobe comigo ao céu,
onde vivem os sonhos, as coisas belas, as luzes,
inclusive a do teu candeeiro de cómoda,
que te embala as noites, o teu adormecer
ao lado dele tu,
o teu cheiro e o teu olhar no intemporal,
a aguardar o dia que nunca chega, que nunca vem, o interminável tempo que,
interminável seria,
fossemos nós seres imortais
ao não sermos, ao estarmos todos tão romanticamente condenados,
tão sem salvação, sem esperança, sem memória que nos tome num piscar de olhos que são pares de dezenas de anos,
por quem anseias portanto tu?
porquê ter de assentar a nossa fugaz existência numa poeira de cimento?
poeira, como nós
e assim ao teu lado, eu lá do cimo, ombro a ombro com as quase-eternas estrelas,
com o quase eterno nada há,
olho para ti,
assim como que nunca tenhas deixado de estar,
nesse teu sorriso, nesse teu cheiro, nesse teu jeito
de mortal que viverá para sempre
iluminada pelo teu candeeiro de cómoda,
onde vive o teu cheiro
em mim,
para sempre!

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