O Mundo não está morto,
move-se à velocidade da luz, de um 3G, de um SMS, de um chat, uma MMS,
aterro na Turquia e sei quem comentou o que comi ao pequeno-almoço,
adormeço com batidas binaurais a influenciar o meu estado de espírito com a ajuda do iPhone,
cronometro o tempo para o café Colombiano que a máquina fará por mim,
faço o check-in para mais um vôo ao sair de casa em vez de picar o ponto no escritório,
acompanho o dia-a-dia de amigos através de fotos, status, "I like"
o que me faz temer o dia-a-dia não é a tecnologia,
essa da qual faço parte, que me envolve, que me acompanha desde que acordo até adormecer.
O que me estremece a alma é a solidão que assola milhões de pessoas,
escondidas atrás de ecrãs, de palavras escritas em 160 caracteres, de mais uma foto mais ou menos provocante,
de escudos digitais colocados à alma,
desta muralha de gente que sinto tão só, tão perdida, tão sem vida no corpo,
de quão ágeis de mãos a escrever num teclado como eu, no último telefone cheio de artimanhas que garantem,
nos colocarão mais próximos
apraz-me assim e à alma disconectar-me por tempo indeterminado de coisas,
o telefone que acompanha apenas para colocar os amigos no devido lugar à devida hora,
para rumar a uma praia, a um céu azul, a um espaço aberto sem letras, sem luzes, sem marcas
rumo assim não direito a um lugar mas um ideal
porque a liberdade é a de sentir coração e alma abertos,
são sensações, é coração aos pulos, é sorrir sem ter para onde querer ir porque estamos lá
e lá é onde nos devemos encontrar sempre,
se nos encontremos e ao que somos
nunca nos poderemos no meio de tudo isto,
disto que vos falei,
perder
..e não me coloco com isto diferente, distante, distintamente longe de estar só ou de me sentir só. Que apenas nunca deixem ao Mundo estragar os sonhos, roubar, pois a todo o momento tentará. Como tentarão os outros, esses. Que se agarrem aos sonhos mais que à vida. Pois uma vida sem sonhos é a coisa mais devastadora que existe. E ninguém merece ser devastado. Jamais.
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