Escrevo-vos estas palavras de um trendy hotel room em Amesterdão. São 00h38 de uma fria noite de Janeiro. Perco-me algures no som que me entra directamente nos pensamentos. Escrevo-vos, mas não vos conheço a cara. Pior, não vos conheço a alma. Mas escrevo.
O que nos muda o tempo?
Vá, convenhamos, para lá de mais uns cabelos grisalhos e linhas que marcadas no rosto relembram tempos que passámos aqui e ali, com alguém e outrém
mas ao tempo, esse
que muda ele em corações, almas, em Mundos nossos que guardamos lá dentro?
Que terá mudado na miúda dos olhos doces e sorriso de perder rumo que um dia conheci?
Que sonhos terão caído e que outros terá hoje aquela que tinha estrelas nos olhos?
Que pensará ao deitar-se aquela que um dia me asfixiou com a força de um abraço?
Quem sou eu hoje que não era então?
Não me tentarão convencer que não, que não guardam memórias só vossas, sentimentos e sensações só vossas e que não, que essas coisas tal como nós, não ganham maturidade e se alteram irremediavelmente através do tempo. Tudo viaja no tempo menos as memórias.
Viajamos nós, irremediavelmente em frente. Viaja a vida e tudo o que se sente no nosso coração e no coração alheio. Viaja tudo, menos as memórias que ficam onde estavam, por vezes apenas retocadas por quem somos hoje.
Por quem sente saudades de um brilho num olhar, de um abraço mais forte ou de um sorriso que nos faça perder o rumo.
Não estou morto e sou apenas humano. Um menos óbvio humano, mas por vezes demasiado humano.
Para vocês que estão por aí, não percam o rumo, mesmo que não saibam qual tomar..
"Ajuda-me a ver em cada um um irmão e não apenas mais um estrangeiro."
1 comentário:
Realmente ser-se demasiado humano, nos dias que correm, sai caro...ou porque nos consideram demasiado "moles", ou porque somos utopia e não nos merecem....
quanto a essa pessoa especial, que cravou em ti marcas e deixou no "teu" tempo consequencias...faz parte das peças de puzle de que nossa vida e constituida(umas peças sao pedaços de nós... outras peças parte de outras pessoas, que "entram" em nós de forma tao simbiotica, que acabam por muito tempo ter/ser parte da nossa constituiçao). nao te arrependas do que viveste e saboreia essas saudades pois elas alimentarao a tua fome de busca por novas vivencias, novas peças, novo mundo...
beijinho, Eye of the Storm
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