o cheiro a que cheiras e o brilho dum sorriso,
a forma como os cabelos soltos ao vento e o vestido que te faz parecer pairar,
os grãos de areia nos teus pés e a pele que o Sol queimará lentamente
um dia eu não mais no teu segundo pensamento, no terceiro
quem sabe em nenhum, senão num armário empoeirado de memórias que se deturpam com o passar dos anos e do amontoar de coisas que foste vivendo,
sem mais reconheceres o som da minha voz ou a que cheiro, a forma como rio e o que me faz sorrir,
o cambalear matinal a caminho de lado nenhum para voltar de seguida para o único lugar onde se pertence
nem que seja
naquele entretanto
deturpamos esta ideia de que a vida são entretantos,
de que sorrisos são folhas de árvores, olhares fugazes luzes que passam por nós e rapidamente se extinguem,
vozes são assobios de vento que passa e toques são espuma do mar na pele,
esquecemo-nos entre o acordar e o deitar a cabeça na almofada destas coisas que nos fazem,
que melhor que fazer, nos distinguem
e se um dia não te souber mais o que dizer não existirás mais para mim,
como talvez nem existas se escrevo sem que saibam de mim ao vento, à espuma do mar e ao Sol que me beija o entretanto a que chamo pele,
porque talvez nunca me tenha num entretanto cruzado contigo e portanto nem existas num lugar que não seja esse mesmo,
um entretanto
vamos hoje em 200 meus,
obrigado